21 setembro 2016

HEROÍNAS EM AÇÃO: BATGIRL



  Em resposta às especulações sobre a sexualidade da Dupla Dinâmica, a primeira Batgirl foi introduzida nas suas histórias para servir de interesse romântico ao Menino Prodígio. Seria, no entanto, a sua sucessora a tornar-se um ícone da cultura pop e um símbolo involuntário da emancipação feminina. Vendo-se assim no epicentro de algumas polémicas suscitadas pelo tratamento violento aplicado às mulheres nos comics.

Denominação original: Batgirl (no Brasil, a personagem começou por ser chamada de Batmoça pela EBAL, nomenclatura mantida pela Abril até ao princípio deste século)
Licenciador: Detective Comics (DC)
Primeira aparição: Detective Comics nº357 (janeiro de 1967)
Criadores: Gardner Fox* (história) e Carmine Infantino** (arte conceitual)
Identidade civil: Barbara Gordon
Parentes conhecidos: Roger e Thelma Gordon (pais falecidos), James e Barbara Eileen Gordon (tios e pais adotivos), James Gordon, Jr. (primo e irmão adotivo)
Afiliação: Corporação Batman (Batman Incorporated), Bat-Família (Batman Family) e Aves de Rapina (Birds of  Prey). Ex-membro do Esquadrão Suicida (Suicide Squad) e da Liga da Justiça da América (Justice League of America)
Base de operações: Gotham City
Armas, poderes e habilidades: Intelectualmente sobredotada, Barbara Gordon teve Batman como seu professor de ciências forenses e técnicas de investigação. Conjugadas com a sua extraordinária proficiência no campo da computação (desenvolvida sobretudo desde que assumiu a identidade de Oráculo), estas valências fazem dela uma detetive de gabarito mundial.
Nas ruas, Batgirl, atleta de topo, vale-se de várias artes marciais e de uma parafernália de utensílios para se defender tantos de reles malfeitores como de criminosos meta-humanos. Além do cinto de utilidades - que incluem os icónicos batarangues, arpéus e cápsulas de gás e fumo - , na sua encarnação moderna a heroína usa um capuz especial apetrechado com lentes de amplo espectro. Que, entre outras funcionalidades, lhe providenciam visão noturna e microscópica. Perita em camuflagem, a heroína tem nas operações furtivas outra das suas especialidades.
Desde os primórdios da sua carreira de vigilante mascarada que a Batgirl se faz habitualmente transportar numa mota de alta cilindrada. Embora mais modesto do que o Batmóvel, o veículo de duas rodas customizado acomoda um laboratório forense portátil que ela usa para examinar as cenas de crime.

* Perfil disponível em http://bdmarveldc.blogspot.pt/2012/04/eternos-gardner-fox-1911-1986.html
** Idem em http://bdmarveldc.blogspot.pt/2013/06/eternos-carmine-infantino-1925-2013.html

Heroísmo de alta rotação.

Histórico de publicação: Em 1954, as suspeições lançadas pelo psiquiatra germânico Fredric Wertham no seu livro Sedução dos Inocentes sobre a existência de um subtexto homoerótico nas histórias da Dupla Dinâmica caíram como uma bomba na conservadora sociedade norte-americana da época. Perante o crescendo de especulações e comentários maliciosos, a DC responderia dois anos depois com a introdução de uma nova personagem feminina destinada a servir de interesse romântico ao Batman.
Foi pois nessa conjuntura homofóbica que surgiu a Batwoman*, persona heroica de Kathy Kane. A mesma que, naquilo que alguns certamente considerarão um ato de justiça poética, meio século depois se tornaria a primeira super-heroína assumidamente lésbica. Mas isso são contas de outro rosário. Se quiserem saber mais sobre o assunto, sigam o asterisco lá em baixo e leiam o prontuário da personagem disponível neste blogue. 
Em qualquer dos casos, se o affair entre Batman e a Batwoman certificava de algum modo a virilidade do herói, já a orientação sexual do Menino Prodígio continuava a ser questionada. Motivando dessa forma a inclusão de uma segunda personagem feminina nas aventuras do Cavaleiro das Trevas, destinada a ser a parceira amorosa do seu jovem escudeiro e a calar de uma vez por todas as más-línguas.
Apresentada como a sobrinha adolescente de Kathy Kane, Betty Kane debutaria em 1961 nas páginas de Batman nº139. Assumindo desde logo a identidade de Bat-Girl (era esta a grafia original), Betty passaria a combater o crime em Gotham City ao lado da tia. Juntamente com Batman e Robin, esta Dupla Dinâmica no feminino formaria a infame Bat-Família. Clã que só  ficava completo com as mascotes Bat-Mite (um pequeno diabrete de outra dimensão) e Ace, o Batcão. 

Betty Kane, a primeira Bat-Girl.

Nem tudo correu, porém, exatamente como planeado. À medida que o tempo passava sem que o namorico do Robin e da Bat-Girl atasse nem desatasse, muitos leitores começaram a torcer o nariz às historietas pueris da Bat-Família, o que fez soar os alarmes no quartel-general da DC.
Recém-nomeado editor do Batman, Julius Schwartz teve uma intervenção providencial. Sem pensar duas vezes, tratou de descartar o lote de personagens que constituía a Bat-Família por as considerar ridículas. Corria o ano de 1964 e, na sua abalizada opinião, eram elas as principais responsáveis pelo acentuado declínio de vendas na linha de títulos encabeçados pelo Cruzado Encapuzado. 
Colocada numa prateleira juntamente com os restantes apêndices burlescos das histórias da Dupla Dinâmica, a Bat-Girl por lá ficaria a apanhar pó e teias de aranha ao longo das duas décadas seguintes. Altura em que, durante Crise nas Infinitas Terras, a sua existência, à semelhança de tantas outras personagens que integram o acervo museológico da Editora das Lendas, seria sumariamente apagada da nova continuidade.Pequena contrariedade que não a impediria de ressurgir alguns anos depois como membro-fundador dos Titãs da Costa Oeste. 
Perante a incredulidade dos fãs mais avisados, a Bat-Girl foi novamente retirada de circulação antes que o Diabo conseguisse esfregar um olho. Tempo igual ao que ela demorou a fazer novo regresso triunfal. Com novas roupagens mas com a mesma galhardia de sempre, Mary Elizabeth "Bette" Kane reapresentou-se ao mundo como Flamebird (traduzida como Labareda e Pássaro Flamejante, no Brasil). Assim permanecendo até aos dias de hoje, embora com cada vez menor relevância nos cânones da DC.

A fogosa Labareda.

Agora que sabemos que fim levou a primeira Batgirl, retrocedamos no tempo para conhecer a origem da sua sucessora. Mais concretamente a 1967, quando a segunda temporada da popular série televisiva da Dupla Dinâmica estrelada por Adam West e Burt Ward divertia miúdos e graúdos. 
Empenhados em captar o público feminino -  em especial as adolescentes - os produtores de Batman desafiaram a DC a criar uma nova super-heroína que servisse esse intuito, ajudando de caminho a promover a terceira temporada da série. Por sugestão de William Dozler, um dos seus produtores-executivos, a nova personagem seria filha do Comissário James Gordon e coadjuvaria a Dupla Dinâmica como Batgirl. 
Com estas diretrizes em mente, Gardner Fox e Carmine Infantino arregaçaram as mangas e deitaram mãos à obra, Por contraponto à sua antecessora, cujo visual se assemelhava a uma variante desenxabida da indumentária do Menino Prodígio, a nova Batgirl tinha tudo a ver com morcegos. Ruiva, esbelta, perspicaz e de sorriso aberto, Barbara Gordon fazia lembrar a rapariga da porta ao lado. De tão adorável, era quase impossível não simpatizar com ela.

Barbara Gordon, a segunda (e mais icónica) Batgirl.

Barbara e o seu alter ego heroico estrear-se-iam poucas semanas depois em Detective Comics nº359, numa história intitulada The Million Dollar Debut of Batgirl. Simplória, a origem da heroína conta-se em poucas palavras: a caminho de um baile de máscaras vestindo uma fantasia inspirada na do Batman, a filha do Comissário Gordon presencia uma tentativa de rapto do milionário Bruce Wayne executada pelo Mariposa Assassina (Killer Moth, em inglês). 
Agindo sem pensar, a jovem conseguiu distrair o vilão permitindo a Bruce escapar. Essa pequena aventura deixou-a tão empolgada que, apesar do desencorajamento do Homem-Morcego, Barbara adotou o pseudónimo de Batgirl fazendo-se anunciar como a mais recente vigilante de Gotham City. 
Note-se que o simples facto de ela fazer ouvidos de mercador ao paternalismo do Batman, sinaliza uma importante diferença relativamente à sua antecessora e à generalidade das coadjuvantes femininas, tradicionalmente retratadas como submissas. Senhora do seu nariz, a Batgirl tornar-se-ia assim um símbolo da emancipação feminina numa época em que as mulheres travavam ainda uma árdua luta de afirmação social.

A sensacional estreia da nova Batgirl em destaque
na capa de Detective Comics nº359 (1967).
Porém, não era só quando vestia o traje de Batgirl que Barbara Gordon servia de modelo às suas congéneres que, não se resignando ao papel de esposas e mães, almejavam construir uma carreira profissional. 
Doutorada em Ciências Bibliotecárias,  Barbara Gordon dirigia a biblioteca pública de Gotham City, descrita como uma das maiores dos EUA. Representando dessa forma todas as mulheres independentes que, na vida real, provavam (e continuam a provar) o seu valor num mundo que, à época, mais parecia um clube de cavalheiros, onde as damas e  donzelas ficavam à porta. 
Cada vez mais popular entre os leitores (muito por conta, também, da prestação de Yvonne Craig em Batman), a Batgirl continuou a figurar nos títulos do Homem-Morcego até meados dos anos 1970. Altura em que passou a estrelar o redivivo Bat-Family em parceria com Robin. Estendendo ainda a sua participação a outras séries emblemáticas da DC, como Justice League of America, The Brave and the Bold ou Adventure Comics. Notoriedade que lhe permitiu continuar a arregimentar fãs e a reforçar o seu estatuto de coqueluche da Editora das Lendas. 
Os anos 1980 trouxeram consigo Crise nas Infinitas Terras e, com ela, a revolução que mudaria para sempre o Universo DC. No final da saga - em que teve um papel insignificante -, a Batgirl não ficou imune às profundas transformações em curso. Na sua qualidade de figura de proa da editora, teve a sua origem retocada. De filha do Comissário Gordon, passou a sobrinha por ele perfilhada após a morte dos seus pais biológicos. Outra diferença assinalável foi o facto de, nesta nova versão da sua história, o primeiro encontro de Barbara Gordon com o Batman ter acontecido quando ela era ainda uma menina.
Seria, no entanto, efémera a sua carreira heroica como Batgirl no período pós-Crise. Conforme vimos no artigo anterior, Barbara Gordon foi atirada para uma cadeira de rodas devido ao ataque de que foi alvo por parte do Joker em A Piada Mortal. Na sequência desses dramáticos eventos, ela adotaria o codinome de Oráculo passando a agir nos bastidores como uma hacker de classe mundial. 

A nova vida de Barbara Gordon como Oráculo.
Com o reboot  do Universo DC trazido por Os Novos 52 em 2011, Barbara recuperou a sua mobilidade e o manto da Batgirl. Ao lado da Canário Negro, da Caçadora e da Lady Falcão Negro, é uma das Aves de Rapina em voo picado sobre o crime e a injustiça.
A história, porém, não acaba aqui. Durante a prolongada ausência de Barbara Gordon (uns módicos 23 anos), o legado da Batgirl foi mantido vivo por três outras mulheres. Em 1999, num dos capítulos de No Man's Land publicado em Batman: Shadow of the Bat nº83, surgiu uma nova versão da heroína. Cuja verdadeira identidade esteve, inicialmente, envolta em mistério.
Seria pois preciso esperar algumas semanas pela revelação de que, sob o capuz, se escondia Helena Bertinelli, mais conhecida como Caçadora (Huntress). Forçada a abandonar o manto da Batgirl antes ainda do desfecho da saga, Bertinelli passou o testemunho a Cassandra Cain. 
Retratada como uma jovem de origem birracial (filha de pai branco e mãe asiática), Cassandra era também um prodígio das artes marciais. A maior peculiaridade da  personagem era, no entanto, o seu mutismo. Deficiência resultante do facto da parte do seu cérebro normalmente usada para a vocalização ter sido, ao invés, treinada para interpretar a linguagem corporal dos seus interlocutores. Habilidade sui generis que, em situações de combate corpo a corpo, lhe permitia antecipar, com elevado grau de precisão, os movimentos dos seus oponentes.
Ao contrário da sua predecessora, as ações da terceira Batgirl (Helena Bartinelli foi somente uma pretendente ao título) tiveram o aval tanto do Homem-Morcego como da Oráculo. Assim, entre 2000 e 2006, a justiceira silenciosa viveu incontáveis aventuras e desventuras em Batgirl, série a solo que a fez cair nas boas graças de um considerável número de fãs. Os mesmos que, na sua maioria, reagiram mal à corrupção moral da personagem. No seguimento dos eventos narrados em Infinite Crisis (2007), Cassandra Cain foi reapresentada como líder da Liga de Assassinos, a secular organização terrorista fundada por Ra's al Ghul**.

Cassandra Cain, uma Batgirl para o século XXI.
Para aplacar os fãs em pé de guerra, a DC voltou atrás na sua decisão de transformar Cassandra Cain numa vilã. Contudo, após o desaparecimento do Batman no final do referido arco de histórias, Cassandra passaria o manto a Stephanie Brown. 
Anteriormente conhecida como Salteadora (Spoiler, na versão original) e filha do Mestre das Pistas (Cluemaster, inimigo clássico do Batman), Stephanie fora a primeira Menina Prodígio a acolitar durante algum tempo o Cavaleiro das Trevas. 
A sua escolha para quarta Bargirl  mereceu desde logo a aprovação de Barbara Gordon. Que não só foi sua mentora como lhe ofertou o uniforme que ela própria envergara em tempos. Importa ainda acrescentar que, depois de Cassandra Cain, Stephanie Brown foi a segunda Batgirl a ter direito a série em nome próprio.

Salteadora, Robin e Batgirl: a trajetória heroica de Stephanie Brown.

*/** Prontuários disponíveis  em http://bdmarveldc.blogspot.pt/2013/07/heroinas-em-acao-batwoman.html  e http://bdmarveldc.blogspot.pt/2012/08/nemesis-ras-al-ghul.html


Impacto cultural: Nos alvores da década de 1960, antes da revolução sexual que se desenrolaria ao longo dela, contavam-se pelos dedos de uma mão as mulheres que, dentro do Universo DC, dispunham de uma carreira profissional que lhes conferia independência financeira e estatuto social. Lois Lane (jornalista que dispensa apresentações) e Jean Loring (advogada e interesse romântico do Átomo) eram, em conjunto com Carol Ferris (presidente da Ferris Aeronáutica, que tinha em Hal Jordan o seu mais ilustre assalariado) algumas dessas honrosas exceções. 
Ao ser retratada como uma pacata bibliotecária, Barbara Gordon foi inicialmente ao encontro de certos estereótipos sociais instituídos. Contudo, a sua transformação em Batgirl pode, em retrospeto, ser encarada como um símbolo da emancipação feminina que começava naquela altura a fazer o seu árduo caminho. 
Conforme faz notar Mike Madrid no seu livro  The Supergirls: Fashion, Feminism, Fantasy and the History of Comic Book Heroines (em tradução livre, As Super-Raparigas: Moda, Feminismo, Fantasia e a História das Heroínas da Banda Desenhada), aquilo que verdadeiramente distingue a Batgirl das suas congéneres surgidas em idêntico contexto é a sua real motivação para combater o crime. Diferente da Batwoman e da primeira Bat-Girl, Barbara porta o símbolo do morcego mas não é amante, tampouco subalterna do Batman. Ao extrapolar o estatuto de parceira amorosa e/ou de adjunta juvenil do herói principal, a Batgirl afirma-se,ao invés, como uma espécie de sua versão simétrica. Tornando-se, por inerência, uma valiosa aliada cuja ação não depende contudo de qualquer figura tutelar masculina. 
Reivindicando tratamento igualitário ao dos seus homólogos masculinos, a Batgirl foi pioneira na defesa da paridade de géneros, pondo dessa forma em xeque os ditames sociais da época. Se isso resultou de uma estratégia premeditada ou do mais puro acaso, é discutível.

Batgirl em pé de igualdade com o Duo Dinâmico. 
Certo é que, embora acolhida pela generalidade dos especialistas, esta tese não é consensual. Alguns dos seus contestatários apontam que, em bom rigor, a Batgirl era uma declinação desinspirada do Batman. Opondo-se desse modo à Mulher-Maravilha, cuja conceção não derivou de um conceito masculino preexistente, e que desde o primeiro momento se afirmou como uma líder. 
À boleia desta análise dos estereótipos de género, Jackie Marsh, renomada historiadora da 9ª Arte, sustenta que enquanto as personagens masculinas tendem a ser descritas como antissociais e agressivas, as femininas, por outro lado, surgem quase sempre infantilizadas por conta dos seus codinomes. Configurando Batman e Batgirl dois casos paradigmáticos dessa circunstância que marcou toda uma época no género super-heroico.
Ainda a propósito de estereótipos (neste caso, raciais), a Batgirl de Cassandra Cain ajudou a deitar por terra alguns dos que surgem ainda hoje associados a personagens femininas de traços orientais. Ora representadas como lutadoras de artes marciais ora como exóticos sex symbols (ora, ainda, como uma mescla de ambos), às mulheres asiáticas sempre foi negada proeminência nos comics. Exceto quando desempenhavam o papel de vilãs. Algo que, convenhamos, acontecia com considerável frequência. Assim se explicando, aliás, o sururu causado pela transformação de Cassandra Cain numa terrorista internacional. Não faltou quem visse nisso uma forma de perpetuar os estereótipos sedimentados ao longo de décadas.
Apesar disso, graças a Cassandra Cain (em cujas veias corre sangue chinês), as mulheres asiáticas passaram finalmente a ser vistas de outra forma na banda desenhada. Ainda que a etnicidade de Cassandra tenha sido abordada de forma implícita, ela  escapou à objetificação sexual que costumava estar reservada a personagens similares. E conseguiu-o tanto por conta do recato da sua indumentária como pela sua orientação sexual indeterminada. 
Mas isso, no fundo, só foi possível devido à mudança de mentalidades. Processo para o qual a indústria cultural tem dado um importante contributo nos últimos anos. Muito embora lançando frequentemente mão a estratégias questionáveis. Que, não raro, resultam na profanação de iconografia consagrada que serviu de referência a sucessivas gerações. Tudo, é claro, em prol desse falso deus chamado "diversidade".

O feminismo  tem na Batgirl um dos seus símbolos.
Apontamentos:

* Paralisada da cintura para baixo em consequência dos eventos narrados em A Piada Mortal, ao longo dos anos foram levadas a cabo diversas tentativas de devolver a capacidade de andar a Barbara Gordon. Todas fracassaram devido ao facto de parte da sua coluna vertebral ter sido destruída e de os danos neurológicos serem demasiado extensos. Precisamente os motivos que a impedem de ter filhos;
* Em Batgirl nº45 (dezembro de 2003), Barbara Gordon declarou que tinha apenas 18 anos de idade quando começou a agir como Batgirl;

De volta às origens em Os Novos 52.

Noutros media: Ocupando um meritório 17º lugar no Top 100 dos super-heróis da banda desenhada elaborado pelo site IGN, a enorme popularidade e influência mediática da Batgirl há muito fazem dela um ícone da cultura pop. Estatuto obtido, em grande medida, por via da sua participação na terceira e última temporada de Batman. Série televisiva de grande audiência entre 1966 e 1968 onde a jovem heroína foi interpretada pela saudosa Yvonne Craig (falecida em agosto de 2015 quando contava 78 primaveras).
Bonita e carismática como a personagem que ajudou a imortalizar junto do grande público, Yvonne Craig foi o chamariz perfeito para adolescentes idealistas que encontraram na Batgirl um modelo a seguir. Muitas dessas jovens tomaram, pela primeira vez, consciência de que as mulheres podiam, afinal, fazer o mesmo que os homens. Ou até melhor.
À semelhança, no entanto, de outras super-heroínas que lhe sucederam no pequeno ecrã (casos da Mulher-Maravilha e da Bionic Woman), a prestação da Batgirl na série seria prejudicada pelo facto de não poder envolver-se em lutas corpo a corpo. Em vez disso, por razões tanto estéticas como de decoro, as cenas que incluíam contacto físico eram cuidadosamente coreografadas por forma a imitar os elegantes movimentos de uma dançarina da Broadway. 
Alegadamente escolhida para o papel por causa da sua voz de desenho animado, mesmo após o cancelamento de Batman, Yvonne Craig voltaria a emprestar corpo à Batgirl numa publicidade institucional a favor da igualdade salarial para trabalhadores de ambos os sexos.

A glamorosa Batgirl de Yvonne Craig.
Apesar da sua prolífica participação em séries de animação estreladas pelo Cavaleiro das Trevas ao longo das décadas seguintes, só em 1997 a Batgirl teria direito a uma versão cinematográfica. Cabendo as honras de estreia a Alicia Silverstone em Batman & Robin. A personagem surgiu, no entanto, retratada no filme com algumas licenças poéticas. Em vez de Gordon, Barbara tinha Wilson como apelido e Alfred Pennyworth como tio. 
Ainda no campo da ação real, Dina Meyer deu vida a Barbara Gordon em Birds of Prey, série televisiva baseada nas Aves de Rapina cuja única temporada foi para o ar em 2002. Embora a trama se centrasse sobretudo no seu papel como Oráculo, foram feitas referências, sob a forma de flashbacks, à sua carreira pregressa como Batgirl. 
Tempos atrás, o realizador dinamarquês Nicolas Winding Refn (Drive) manifestou numa entrevista o seu interesse em dirigir um filme da Batgirl. Atendendo ao atual sucesso comercial desse tipo de produções cinematográficas, o sonho poderá muito bem vir a tornar-se realidade num futuro próximo. 

Alicia Silverstone como Batgirl
em Batman & Robin (1997).