16 janeiro 2016

CLÁSSICOS DA 9ª ARTE: «ZERO HORA: CRISE NO TEMPO»




  Desdobramento de Crise nas Infinitas Terras, esta saga retroativa teve como principal objetivo corrigir algumas inconsistências herdadas do Multiverso. Corrompido pelo formidável poder de Parallax e obstinado em remodelar a Existência à sua imagem, Hal Jordan serviu de catalisador para mais este ajustamento cronológico da DC.

Título original: Zero Hour: Crisis in Time
Licenciadora: DC Comics
Data de publicação: Setembro de 1994
Número de volumes: 5
Autores: Dan Jurgens (argumento e arte) e Jerry Ordway (arte-final)
Personagens principais: Hal Jordan/Parallax, Waverider (Tempus), Extant (Extemporâneo), Superman (Super-Homem), Wonder Woman (Mulher-Maravilha), Batman, The Spectre (Espectro), Green Lantern (Lanterna Verde Kyle Rayner), Rip Hunter e Time Trapper (Senhor do Tempo)
Coadjuvantes: Captain Atom (Capitão Átomo), Arsenal, Ray, Hawkman (Gavião Negro), Darkstar, Impulse (Impulso), Green Lantern (Lanterna Verde Alan Scott), Liri Lee, Supergirl, Superboy, Martian Manhunter (Caçador de Marte), The Flash (Jay Garrick), Shazam (Capitão Marvel), Power Girl (Poderosa), Batgirl, Alpha Centurion (Centurião Alfa), Darkseid, New Gods (Novos Deuses), Linear Men (Homens Lineares) e Damage (Detonador)

Edição brasileira



Data de publicação: Agosto a outubro de 1996
Editora: Abril
Categoria: Minissérie em 5 fascículos (48 páginas cada)
Formato: Americano (17x 26 cm), colorido e com lombada agrafada
Na minha coleção desde: 1996


Antecedentes: 



  Sugestivamente sub-titulada de Crise no Tempo, Zero Hora assumiu-se como um evento tardio desdobrado de Crise nas Infinitas Terras. Saga já aqui esmiuçada e que, menos de uma década antes, unificara o anárquico Universo DC. Contudo, mercê de algumas inconsistências herdadas do Multiverso. fez-se necessário novo ajustamento cronológico.
   Um dos problemas supervenientes dessa primeira reestruturação editorial consistiu na preservação das versões clássicas de algumas personagens de charneira. Cuja reformulação, nalguns casos, demorou anos a ser feita. Acentuando dessa forma as incongruências e paradoxos que pontuavam (e continuam a pontuar) a continuidade pós-Crise.
  Gavião Negro foi um dos exemplos mais problemáticos, na medida em que a sua versão atualizada surgiria somente em 1989 (três anos após Crise nas Infinitas Terras). Ínterim durante o qual o herói manteve o seu alter ego Carter Hall, reminiscência da Idade da Prata. Sendo, no entanto, subsequentemente retratado como um espião thanagariano chamado Fel Handar.
 Também a Legião dos Super-Heróis enfrentou problemas similares, decorrentes essencialmente da eliminação do Superboy (Kal-El) e da Supergirl (Kara Zor-El) da sua história. Mon-El, legionário daxamita dotado de poderes idênticos aos do Superboy, foi uma das soluções de recurso encontradas. Renomeado de Valor, teve a sua origem retocada por forma a poder ocupar o lugar do jovem herói krptoniano sentenciado ao oblívio.
  Sucede que essas e outras alterações nem sempre tiveram acolhimento favorável por parte dos leitores. Acabando mesmo em alguns casos por acrescentar problemas aos preexistentes. Ou, como diria Bocage: "Foi pior a emenda do que o soneto".
  Tornou-se, portanto, imperativa a tomada de medidas drásticas a fim de contrariar o caos que começava de novo a contaminar o Universo DC.
  Numa representação simbólica da contagem decrescente até à grande e anunciada deflagração espaço-temporal, Zero Hour foi publicada retroativamente e interligada com os principais títulos DC. Tendo sido, também, obra de um só homem. Arquitetada na totalidade por Dan Jurgens, coube a Jerry Ordway arte-finalizar os seus esboços.

Dan Jurgens, o solitário arquiteto de mais um reboot do Universo DC.

 Antes e durante Zero Hour, diversas personagens experienciaram inexplicáveis anomalias cronológicas nas suas histórias. Destruídas as barreiras temporais, desencadeou-se a inelutável voragem da entropia. Linhas temporais divergentes amalgamaram-se com o universo principal, à medida que a própria realidade se esboroava.
  Uma das situações mais dramáticas ocorreu quando a Sociedade da Justiça da América foi dizimada por Extemporâneo. Sobrevindo desse facto o perecimento de heróis da Idade do Ouro, como Senhor Destino e Homem-Hora. Ainda na esteira desses fenómenos cronológicos, a Legião dos Super-Heróis - e com ela todo o século 30 - teve a sua existência apagada.
 No rescaldo dos eventos narrados na saga, outubro de 1994 foi referenciado como Zero Month (Mês Zero). Sem exceção, todos os títulos ativos da DC (a que se somaram algumas novidades editoriais) foram renumerados, voltando literalmente à estaca zero. Expediente que possibilitou aos respetivos argumentistas procederem às necessárias retificações na continuidade das personagens.
  Em última análise, Zero Hour permitiu à DC arrumar a casa. Ou, pelo menos, varrer para debaixo do tapete alguns dos problemas herdados do período pré-Crise. Longe de ter sido uma solução definitiva para as inconsistências cronológicas que continuam a caracterizar a mitologia da Editora das Lendas, a saga teve o mérito de restaurar alguma da ordem perdida. Servindo, de caminho, para revitalizar alguns dos títulos mais emblemáticos da companhia, na expectativa de assim captar uma nova safra leitores.

Imagem promocional de Zero Month.


Quem é o Extemporâneo?




  Em 1991, um novo supervilão oriundo de um futuro opressivo foi introduzido na mitologia da DC. Monarca era o seu nome. Depois de ter chacinado a totalidade dos super-heróis, ele era o soberano absoluto e único protetor da Terra no ano de 2030.
   Tempus, indivíduo cujo vínculo com o fluxo cronológico lhe permitia viajar no tempo, era a única pedra no sapato do todo-poderoso Monarca.
  Quando Tempus voltou ao passado com o intuito de evitar a ascensão do tirano, este seguiu-o em segredo através de uma brecha temporal criada pelo herói. Falhado o seu plano de antecipar os eventos que conduziriam ao seu reinado de terror, a identidade do Monarca foi enfim revelada. Outrora conhecido como Hank Hall, notabilizara-se como Rapina, herói que passara pelas fileiras dos Novos Titãs.
   Estes eventos ocorreram em Armageddon 2001, arco de histórias que já aqui foi objeto de análise. Sugiro, por isso, que despendam alguns minutos do vosso precioso tempo a ler a minha resenha, caso estejam interessados em recordar ou aprofundar os vossos conhecimentos sobre essa saga.

Tempus, figura-chave de Armageddon 2001 e Zero Hour.

 Voltando à história do Monarca, o vilão dedicaria depois uma parte considerável da sua vida a combater o Capitão Átomo através do fluxo temporal. Numa dessas ocasiões ele drenou uma porção das habilidades de Tempus, obtendo assim um vislumbre do seu próprio passado. Foi, pois, dessa forma que descobriu que se tinha transformado em alguém muito superior a Hank Hall.
 Com efeito, o Monarca não se limitara a matar Columba. Absorvera também a essência da antiga parceira heroica de Hank Hall. Gerando por essa via uma fusão entre os Filhos da Ordem e os Filhos do Caos. Nesse dia nasceu um novo e poderoso vilão: Extemporâneo.
  Depois de extorquir as manoplas a Tempus, Extemporâneo conectou-se ele próprio com o fluxo temporal, passando assim a poder realizar excursões cronológicas a seu bel-prazer.
 

Qual a relação entre Hal Jordan e Parallax?


  
  Durante a saga O Regresso do Super-Homem (também já aqui esmiuçada), Coast City foi obliterada por Mogul e pelo Supercyborg. Profundamente transtornado pela perda do seu lar e dos seus entes queridos, o Lanterna Verde Hal Jordan usou o seu anel energético para recriar a cidade devastada. Decisão que lhe valeu uma vigorosa reprimenda por parte dos Guardiões do Universo. Ao usar o poder do seu anel em benefício próprio, Hal violara um dos preceitos fundamentais da Tropa dos Lanternas Verdes.
 Intimado a comparecer em Oa, Hal insurgiu-se contra os Guardiões e apropriou-se da energia da Bateria Central que permite aos Lanternas Verdes recarregarem os seus anéis. De volta à Terra, usou essa energia para gerar um construto permanente de Coast City.
 Forçado a enfrentar os seus camaradas de armas, Hal assassinou muitos deles, deixando outros à beira da morte depois de expropriá-los dos seus anéis. De seguida, viajou novamente até Oa, onde prosseguiu a carnificina. Sinestro, Kilowog e todos os Guardiões do Universo (exceto Ganthet) morreram às suas mãos.
 Imbuído do poder dos Guardiões, Hal mergulhou no núcleo da Bateria Central, dela emergindo transfigurado. Parallax era a mais recente ameaça cósmica e prometia não deixar pedra sobre pedra no Universo (promessa que cumpriria com denodo).

   

Enredo: Para assombro geral, duas personagens de realidades alternativas materializam-se repentinamente no Universo primordial. O primeiro desses visitantes autodenominava-se Centurião Alfa e alegava ser um antigo soldado romano abduzido por extraterrestres, sendo posteriormente transplantado para o século XX, onde se tornou o campeão de Metrópolis. Já a segunda náufraga temporal era uma variante da Batgirl do nosso mundo.
  Estas e outras anomalias detetadas no espaço-tempo eram causadas por um bizarro fenómeno chamado "compressão temporal". Com efeito similar ao do vagalhão de antimatéria responsável pela aniquilação do Multiverso em Crise nas Infinitas Terras, uma onda de entropia varre toda a existência, apagando sucessivas eras históricas.
  Por detrás do cataclismo aparenta estar um novo e poderoso vilão chamado Extemporâneo. Dotado de poderes temporais, ele descobrira o Universo primordial e parecia empenhado em alterar a sua cronologia.
  Depois de confrontar e derrotar a Sociedade da Justiça da América, Extemporâneo provoca a morte  de vários dos seus integrantes ao anular os efeitos que retardavam o seu envelhecimento desde a década de 1940.
   Apesar do seu formidável poder, Extemporâneo é, afinal, um mero peão do verdadeiro mentor do caos e destruição que, como fogo em palha seca, alastravam pelo Universo.
 Outrora um dos mais valorosos heróis da Terra, Hal Jordan - agora transformado em Parallax - assume-se como o maestro da diabólica sinfonia que ameaça a própria Existência. Completamente insano, Hal deseja refazer o Universo, impedindo assim os eventos que conduziram à destruição de Coast City.
  Graças ao esforço coletivo dos heróis, Parallax é detido antes de concluir a sua empreitada de remodelação do Universo de acordo com os seus caprichos. Mesmo enfraquecido devido ao enorme dispêndio de energia, Hal Jordan sobrevive quando tem o coração trespassado por um flecha disparada pelo Arqueiro Verde (seu amigo de longa data).
  Restaurada a linha temporal primordial, a sua cronologia sofre algumas alterações. Efeitos do novo Big Bang desencadeado pelo Detonador, um jovem herói com inacreditáveis poderes explosivos.
 Consequentemente, nas últimas páginas da saga os desenhos são parcialmente rasurados, simulando dessa forma os saltos no tempo e o desaparecimento dos diferentes mundos paralelos. Refletindo o culminar da entropia, a última página foi deixada em branco.

Devorados pela entropia.

Consequências: Para ajudar os leitores - aturdidos por mais este reboot do Universo DC - a perceberem o que estava em causa, a contracapa do derradeiro capítulo de Zero Hour incluía um esquema da nova linha do tempo. Esquema esse que identificava vários eventos-chave que haviam conduzido ao grande ajustamento cronológico em curso. E no âmbito do qual foram estabelecidas datas para as estreias das figuras de proa da editora. Convencionou-se, assim, que doravante o período pós-Crise corresponderia a dez anos atrás. Justificando dessa forma o facto de as personagens não terem as suas idades alteradas.
   Dois problemas bicudos em matéria de continuidade, a Legião dos Super-Heróis e o Gavião Negro tiveram as suas mitologias profundamente reformuladas. No caso do herói alado, as suas múltiplas versões amalgamaram-se numa única personagem. Solução que não tardaria, porém, a relevar-se problemática, originando novas contradições e equívocos.

Gavião Negro, um monumento à esquizofrenia do Universo DC.

  Após a conclusão da saga, várias personagens tiveram as suas origens recontadas e o portefólio editorial da DC foi amplamente reestruturado. Tendo a Liga da Justiça como matriz, surgiram novas formações heroicas, o filho do Arqueiro Verde (Connor Hawke) foi introduzido nas aventuras do progenitor e Guy Gardner assumiu a identidade de Guerreiro na sequência da descoberta de uma ancestral herança alienígena que lhe concedia novos poderes.
  Nem as personagens mais emblemáticas da Editora das Lendas escaparam indemnes à revolução emanada de Zero Hour. Que o digam Batman e Mulher-Gato, cujas origens foram cirurgicamente retocadas. Entre as principais alterações à história do Homem-Morcego avultava agora o facto de ele nunca ter prendido ou confrontado os assassinos dos seus pais (fazendo dessa forma tábua rasa dos acontecimentos mostrados em Batman: Year Two).
  Retratada como uma prostituta em Batman: Year One (arco de histórias já aqui esmiuçado), a sedutora ladra com uma notória afinidade com felinos teve essa parte do seu passado eliminada. Sem qualquer referência à prática da mais velha profissão do mundo, Seline Kyle era agora apresentada como a mais ilustre moradora de uma bairro pobre de Gotham City. Já Dick Grayson (o primeiro Menino Prodígio), após décadas como pupilo de Bruce Wayne, viu ser-lhe conferido o estatuto de filho adotivo do milionário alter ego do Cavaleiro das Trevas.
  Zero Hour também abriu caminho para o lançamento de novas séries, bem como para o cancelamento de outras. Estratégia de marketing que não produziu contudo os resultados esperados. Muitos desses novos títulos teriam existência efémera, sendo extintos ao fim de poucos meses em consequência das fracas vendas. Honrosa exceção foi Starman, cujo sucesso junto dos leitores  e da crítica balizaria a forma como os editores deveriam reabilitar as personagens da Idade do Ouro.
  A receita narrativa de Starman, que consistia em servir aventuras ambientadas no presente mas refletindo acontecimentos passados, seria depois reproduzida nas histórias da Sociedade da Justiça da América, outra das séries a fazer furor nesse período.

Capa de Starman nº0, uma das mais bem-sucedidas séries no panorama editorial pós-Zero Hour.

  Contudo, nem todos os problemas de continuidade do Universo DC foram resolvidos por Zero Hour. Sobejavam ainda várias pontas soltas, que não tinham sido atadas nem cortadas, ameaçando tornar-se num enorme emaranhado. Entre elas incluía-se o futuro distópico mostrado em Armageddon 2001, história que requeria elementos de linhas divergentes entretanto eliminadas. Entre elas encontrava-se o chamado Universo Compacto. Levantando assim a questão do que fazer com a Supergirl/Matriz (criatura de protoplasma originária dessa realidade). Objetivando solucionar esse e outros quebra-cabeças, a DC introduziu o conceito de Hipertempo. Que mais não era do que uma declinação do velhinho Multiverso pré-Crise.
   Em vez de o resolver, o Hipertempo tornar-se-ia rapidamente em parte do problema. Com os editores da DC a resolverem em 2005 cortar o mal pela raiz através de Crise Infinita, saga que resgataria diversos conceitos remontando ao período que precedeu Crise Nas Infinitas Terras.

Um novo começo para o Homem de Aço e para todo o Universo DC.

Notas: 

* Conquanto Worlds Collide (crossover da DC e da Milestone Media produzido meses antes de Zero Hour) haja sido apagado da continuidade da Editora das Lendas em consequência dos eventos narrados na saga, o naipe de personagens proveniente do chamado Dakotaverso seria incorporado na mitologia DC em 2009;
* Dado o alcance temporal de Zero Hour, algumas das suas ramificações estenderam-se até anos vindouros. Em 2008, por exemplo, durante um encontro fortuito ocorrido no continuum espaço-temporal, o Besouro Azul e o Gladiador Dourado viram-se forçados a defrontar Parallax e Extemporâneo;
* Inebriado pelo poder de Parallax, Hal Jordan propôs-se recriar o Multiverso. Desígnio insólito, considerando que ele não deveria conservar qualquer memória dessa realidade pregressa. Importa observar, a este propósito, que Hal estivera ausente durante os cataclísmicos eventos de Crise nas Infinitas Terras. Pouco antes da batalha final contra o Anti-Monitor na aurora dos tempos, Hal renunciara às suas funções na Tropa dos Lanternas Verdes, sendo readmitido apenas após a conclusão da saga.

Como podia Hal Jordan rememorar eventos que não vivenciara?


Vale a pena ler?


 Primeira de muitas sequelas de  Crise nas Infinitas Terras, Zero Hora cumpriu com razoável mérito o seu propósito de eliminar algumas das pontas soltas herdadas da sua antecessora. Perdendo, todavia, na comparação com ela. Não só pelo menor impacto que dela decorreu na cronologia do Universo DC, mas sobretudo por ser uma história datada.
  Se o leitor não estiver familiarizado com a realidade do Universo DC em 1994, muito do que está em causa na saga soar-lhe-á irrelevante. Zero Hora não é, pois, uma saga intemporal. Ironia que lhe retira algum valor narrativo ao mesmo tempo que lhe reforça o valor histórico.
  Em contrapartida, apesar dos muitos elementos comuns com Crise nas Infinitas Terras, Zero Hora é de mais fácil digestão. Contribuindo para isso o menor número de personagens, a trama mais compacta e um compasso narrativo mais ligeiro.
  Divertida quanto baste, Zero Hora foi mais uma eloquente expressão da relação amor-ódio que a DC mantém há demasiado tempo com o seu labiríntico Multiverso. A exemplo de vários outros exercícios de revisionismo dos cânones da Editora das Lendas, esta saga foi apresentada como panaceia para os crónicos problemas de continuidade que são a sua pedra de toque. Porém, quanto muito, poderá ser perspetivada como um paliativo.
  Conforme atestam, aliás, os cíclicos ajustamentos cronológicos (4 só neste século) levados cabo no período subsequente à publicação de Zero Hora. E que, invariavelmente, assumem a forma de sagas de grande magnitude que prometem não deixar nada como está. Mas que, no final das contas, mais não fazem do que baralhar e voltar a dar.
  Baralhados ficam sem dúvida os leitores - mesmo os mais veteranos - com estes sucessivos reboots, com a palavra "crise" quase sempre inclusa nos respetivos títulos ou sub-títulos. Este vocábulo de origem grega parece, de resto, corresponder a outro dos fetiches dos mandachuvas da DC. Curioso verificar que ele preside há mais de 30 anos ao seu léxico. Servindo, porventura, para esconder uma certa crise de criatividade instalada na Editora das Lendas (e, por extensão, a toda a indústria dos comics).
  Face ao exposto, talvez fosse já tempo de a DC decidir o que quer fazer com o seu caleidoscópio de mundos paralelos. Assumi-lo ou renegá-lo de uma vez por todas. Porque começa a não haver paciência para este círculo vicioso de fins e recomeços.
 
O que fazer com um Multiverso em constante convulsão?