08 janeiro 2016

HEROÍNAS EM AÇÃO: PSYLOCKE




   De simples coadjuvante das histórias do Capitão Britânia (de quem é irmã e que chegou a substituir temporariamente) a sex symbol mutante. Sucessivas metamorfoses deixaram Betsy Braddock irreconhecível. No decurso dos anos teve o visual, os poderes e até a etnia alterados. Prometendo, dentro de meses, arrasar no grande ecrã ao assumir papel de destaque no filme X-Men: Apocalipse.

Nome original da personagem: Psylocke
Licenciadora: Marvel Comics
Criadores: Chris Claremont (história) e Herb Trimpe (arte)
Primeira aparição como Betsy Braddock: Captain Britain nº8 (dezembro de 1976)
Primeira aparição como Psylocke: New Mutants Annual nº2 (outubro de 1986)
Identidade civil: Elizabeth "Betsy" Braddock
Espécie: Homo Superior (humana mutante)
Local de nascimento: Maldon,Essex (Reino Unido)
Parentes conhecidos: James e Elizabeth Braddock (pais falecidos), Brian Braddock (irmão gémeo), James "Jamie" Jr. (irmão) e Meggan Braddock (cunhada)
Afiliação: Atualmente reincorporada nas fileiras dos X-Men, Psylocke  passou anteriormente pelos Exilados, X-Force, S.T.R.I.K.E. e pela liga de assassinos conhecida como Tentáculo. Foi também o Cavaleiro da Morte ao serviço do vilão Apocalipse (papel que reassumirá na próxima longa-metragem dos X-Men).
Base de operações: móvel
Armas, poderes e habilidades: Nos primórdios da sua carreira como X-Man, Psylocke possuía essencialmente talentos telepáticos. Circunstância que lhe possibilitava ler e projetar pensamentos a grandes distâncias, controlar mentalmente ou afetar as memórias de terceiros. Detinha ainda a habilidade de emitir rajadas de energia psiónica passíveis de incapacitar ou mesmo matar os seus alvos (fossem eles orgânicos ou inorgânicos). Outro dos seus dons nesta fase consistia numa precognição limitada. Esporádicas e aleatórias, as suas premonições permitiam-lhe ter pequenos vislumbres do futuro imediato ou de possíveis eventos vindouros.
  Na sequência da sua transformação física numa ninja nipónica chamada Kwannon, à sua telepatia Psylocke acrescentou uma enorme proficiência em artes marciais e técnicas de combate. Extraordinariamente destra no manuseamento de armas brancas, passou igualmente a conseguir gerar adagas psíquicas que usava para danificar a mente e o sistema nervoso dos seus oponentes.
  Por um breve período de tempo, a heroína mutante desenvolveu a capacidade de se teleportar a si e a outros, mesmo para geografias distantes. Certa vez conseguiu transportar os seus colegas X-Men de um continente para outro. Acabaria no entanto por se ver privada deste poder pouco tempo depois de o ter adquirido. O mesmo sucedendo com os seus dons telepáticos, sacrificados para manter o Rei das Sombras aprisionado no Plano Astral. E que seriam posteriormente substituídos pela telecinésia herdada da Fénix.
  Quando aprendeu a dominar os seus novos poderes, Psylocke passou a conseguir forjar uma katana composta de pura energia psiónica. Arma que tanto lhe permite cortar as sinapses dos seus adversários como praticamente qualquer matéria física.Em combates mano a mano, a irmã gémea do Capitão Britânia serve-se frequentemente da sua telecinésia  para aumentar a sua força e velocidade.
   Acumulando presentemente telepatia e telecinésia, os poderes de Psylocke estão mais formidáveis do que nunca.Ao usá-los, uma aura energética em forma de borboleta emoldura-lhe o rosto. Fenómeno que nunca foi devidamente esclarecido pelo argumentistas. Persistindo, assim, a dúvida se será algo que poderá ser percecionado por terceiros ou se se tratará de um mero efeito gráfico para sinalizar junto dos leitores a ativação dos seus dons mutantes. Certo é que esta "borboleta" (descrita por vezes como tendo olhos nas suas asas) é a forma geralmente assumida pela heroína quando projeta a sua forma astral.
  Fabricada a partir de um metal desconhecido mas extremamente leve e resistente, a armadura usada por Psylocke confere proteção adicional ao seu corpo físico, especialmente contra ataques envolvendo projéteis ou rajadas de energia. Cortesia do seu colega de equipa Wolverine, que lhe ofertou o traje muitos anos atrás.

Visual primitivo de Psylocke antes da sua metamorfose física.

Biografia e histórico de publicação: Produto da imaginação do escritor Chris Claremont (perfil já publicado neste blogue), Elizabeth "Betsy" Braddock debutou em dezembro de 1976 nas páginas de Captain Britain nº8, título publicado pela filial britânica da Marvel Comics. Deste facto decorreram alguns equívocos envolvendo a ortografia da nomenclatura da personagem. Isto porque, nos EUA, se escreve "Elisabeth". Inconsistência linguística que demorou 32 anos a ser corrigida. Aconteceu em 2008, na série Exiles, quando Claremont impôs definitivamente a última letra do alfabeto no nome civil da sua criação.
  Introduzida como coadjuvante nas historietas do Capitão Britânia, a Betsy Braddock foi conferido o estatuto suplementar de irmã gémea do herói. Filhos de Sir James Braddock, um influente aristocrata inglês, Brian e Betsy (tal como Jamie, primogénito da família) cresceram num ambiente privilegiado. Havendo entre ambos uma intensa cumplicidade que perduraria pela vida fora.
  Apesar da falta de explicação para as mesmas, convencionou-se que Betsy seria detentora de habilidades psíquicas cuja total extensão se ignorava. Algum tempo depois seria revelado que ela era, afinal, portadora do gene X. Facto que fazia dela uma ilustre representante da espécie Homo Superior.

Psylocke estreou-se em Captain Britain nº8 (1976), título estrelado pelo seu irmão gémeo.


 Curiosamente, a primeira de muitas reconfigurações operadas na personagem verificou-se no respetivo campo profissional. Inicialmente retratada como uma piloto da aviação comercial, menos de um ano transcorrido sobre a sua estreia, Betsy passou a modelo de passarela. Mudança de ofício ocorrida em Super Spider-Man and Captain Britain nº243 (série semanal exclusivamente publicada no mercado inglês) e que se seguiu à morte do seu progenitor.
   Anos depois, em março de 1983, no terceiro número de Daredevils (outro título dado à estampa em Terras de Sua Majestade), o escritor Alan Moore (perfil também já publicado neste blogue) estabeleceu que Betsy seria uma operacional da STRIKE (congénere britânica da SHIELD). Seria nesta condição que a jovem exploraria os seus talentos psíquicos e sofreria a sua primeira metamorfose física. Pouco tempo após ter sido recrutada para as fileiras da agência governamental, Betsy, loura natural, tingiu o cabelo de púrpura. Opção estética que logo se tornaria uma das suas imagens de marca.
  O relançamento de Captain Britain, no princípio de 1986, trouxe nova guinada na trajetória de Betsy Braddock. Pouco depois de conhecer a mutante transmorfa Meggan, Brian Braddock abandonou a sua carreira heroica como Capitão Britânia. Assimilando os poderes do irmão, Betsy apresentou-se ao mundo como a nova defensora da Velha Albion. Contudo, por força da sua inexperiência,foi derrotada sem apelo nem agravo na batalha que a opôs ao Mestre dos Assassinos. Num ato de pura crueldade, o vilão perfurou os olhos de Betsy, cegando-a. Sedento de vingança, Brian reassumiu o manto de Capitão Britânia e tirou a vida ao algoz da sua irmã.

Betsy Braddock como Capitão Britânia.
 
  Nesse mesmo ano, Chris Claremont introduziu Betsy Braddock nas histórias dos X-Men. Numa aventura dos Novos Mutantes publicada em New Mutants Annual nº2, depois de raptada pelo vilão extradimensional Mojo, a jovem foi submetida a uma lavagem cerebral e teve as suas córneas danificadas substituídas por olhos biónicos. História que assinalou, também, a primeira vez em que Betsy foi referenciada como Psylocke.
  Depois de resgatada pelos Novos Mutantes, Psylocke encontrou abrigo na Escola Xavier, à época dirigida por Magneto devido à ausência do Professor X. Ainda que de forma involuntária, a jovem fez trabalho de espionagem para Mojo.Os olhos biónicos que o vilão lhe aplicara durante o seu período de cativeiro funcionavam como câmaras. Assim, tudo o que Psylocke via era registado e retransmitido a Mojo.
   Olhada com desconfiança por alguns dos seus colegas, Psylocke provou a sua coragem e lealdade durante Massacre de Mutantes (saga já aqui analisada). Quando a Escola Xavier foi invadida por Dentes-de-Sabre, a jovem, mesmo sem possuir habilidades de combate, logrou atraí-lo para longe da enfermaria onde se encontravam os mutantes feridos até à chegada de Tempestade e Wolverine. Usando depois as suas habilidades telepáticas para perscrutar a mente do vilão,  e assim descobrir a identidade do verdadeiro mentor da carnificina que dizimara os Morlocks. Atos de bravura recompensados com a sua admissão na equipa.

Foi nesta edição anual dos Novos Mutantes, datada de outubro de 1986, que Betsy Braddock  adquiriu oficialmente o codinome Psylocke.
 
  Outro episódio capital na vida de Psylocke ocorreu em finais de 1989. Em Uncanny X-Men nº251 (de novembro desse ano), após ficar amnésica na sequência de uma viagem interdimensional, a heroína foi capturada em território chinês pelo Tentáculo. Durante o período de cativeiro que se seguiu, ela foi submetida a lavagem cerebral e teve a sua consciência transferida para o corpo de uma ninja japonesa chamada Kwannon. Adquirindo assim o visual que se tornou icónico. A sua reprogramação mental incluiu também sofisticadas técnicas de combate, que conservou mesmo depois de ter sido libertada por Wolverine. E que passou a acumular com os teus talentos telepáticos.
   Nos alvores deste século, mais precisamente em 2001, Psylocke foi morta nas páginas de X-Treme X-Men nº2 (título escrito por Chris Claremont, seu criador). Assim permanecendo durante quatro anos, altura em que foi revivida pelo próprio Claremont em Uncanny X-Men nº455. No entanto, ao invés do que seria expectável, a personagem não regressou às histórias dos Filhos do Átomo. Em vez disso, mudou-se de armas e bagagens para Exiles, um spin-off da franquia dos X-Men ambientado numa realidade paralela. Com o cancelamento da série, no início de 2009, Psylocke, qual filha pródiga, retornou ao universo canónico da Marvel e às páginas de Uncanny X-Men. Transferindo-se no ano seguinte para a nova X-Force liderada por Wolverine.
  Mais perturbada e sanguinária do que nunca, na atual cronologia da Casa das Ideias (All-New Marvel NOW!) Psylocke começou por fazer parte do renovado elenco da X-Force (agora liderada por Cable). Acabando, no entanto, por afastar-se do grupo na sequência de diversos incidentes violentos por ela protagonizados.Admitindo estar viciada em matar, por ser essa a única maneira de sentir algo, a jovem recuperaria pouco depois o seu estatuto de membro de pleno direito dos X-Men.

Psylocke e a sua katana psiónica ao serviço dos Exilados, versão alternativa dos X-Men.

Relacionamentos amorosos: Tão extenso como o rol de transformações de Psylocke é o seu currículo amoroso. Sedutora compulsiva e com uma sensualidade à flor da pele, a jovem heroína manteve um sortido de romances mais ou menos inconsequentes ao longo dos anos.
  Enquanto membro da Divisão Psíquica da STRIKE, envolveu-se com um colega de equipa chamado Tom Lennox. Este morreria, porém, pouco tempo depois ao tentar defendê-la. Como o casal estava conectado através de um elo telepático criado por Psylocke, ela vivenciou mentalmente a morte do amante. Episódio trágico que a traumatizou profundamente.
  Após o seu regresso aos X-Men, habitando já o corpo de Kwannon, Psylocke manipulou telepaticamente Ciclope, induzindo-o a sucumbir aos seus encantos. Quando eliminou finalmente os últimos resquícios da personalidade da sua hospedeira, Betsy apresentou um pedido de desculpas a Jean Grey pela sua conduta, alegando que esta fora motivada pelo subconsciente de Kwannon. Intimamente, porém, ambas as mulheres estavam cientes de que a atração de Psylocke pelo líder dos X-Men fora genuína.
  Ainda durante a sua estada na Mansão X, a heroína britânica teve um fugaz affair com Arcanjo. O casal concordou, no entanto, em pôr-lhe um ponto final, tantas eram as diferenças entre eles.

Arcanjo e Psylocke: os opostos atraem-se, mas logo se repelem.

  Aquando da sua primeira passagem pelos Exilados, Psylocke aventurou-se num relacionamento de combustão rápida com Dentes-de-Sabre. Quando a química sexual entre ambos se extinguiu, ela e Arcanjo reaproximaram-se, na esperança de um reatamento que acabaria por não acontecer. Seguindo-se então um romance bissexual de Psylocke com o também mutante Fantomex e a sua contraparte feminina, quando o trio fez parte da rediviva X-Force liderada por Cable. Que acabaria, por sua vez, por engrossar a lista de conquistas amorosas da jovem.

Bela e perigosa como uma nevasca.

Noutros media: Após a sua radical mudança de visual em 1989, Psylocke tornou-se uma das mais icónicas e carismáticas personagens femininas dos quadradinhos. Sem surpresa, a sua enorme popularidade entre os leitores abriu-lhe caminho para outras experiências mediáticas. Numa primeira fase por via da sua participação em jogos de vídeo baseados no universo dos X-Men, Psylocke foi arregimentando uma considerável legião de fãs. Chegando mesmo a disputar com Lara Croft o título de maior sex symbol virtual
   Ao ecrã do computador e da consola, sucedeu o da TV. Com efeito, a sua estreia televisiva registou-se em 1996, num par de episódios da terceira temporada da série animada X-Men. Surgindo retratada como uma guerreira solitária que roubava por uma causa. Nesta sua encarnação, Psylocke exibia uma notável habilidade para projetar as suas adagas psíquicas, trespassando matérias orgânicas e inorgâncias. Apesar de fazer referências a um irmão, em momento algum este é identificado como sendo o Capitão Britânia.
  Embora fisicamente ausente do grande ecrã, o nome de Psylocke era um dos que figurava na lista de mutantes arquivada no computador do coronel Stryker, pirateado por Mística em X-Men 2 (2003). No capítulo seguinte da franquia (X-Men 3: O Confronto Final, 2006), ela surge como uma vilã menor, interpretada pela atriz Meiling Melaçon. Não sendo, contudo, certo se a personagem em questão seria Betsy Braddock ou Kwannon.
 Em 2011, Psylocke foi uma das oito mutantes que o portal de entretenimento IGN desejava ver incluídos na sequela de X-Men: First Class. Todavia, apesar de, num primeiro rascunho do guião de
X-Men: Days of  Future Past, estar prevista a sua participação no filme, tal acabaria por não se verificar.
  Frustração que os fãs da heroína verão compensada já em maio, quando chegar às salas de cinema de todo o mundo o tão aguardado X-Men: Apocalypse. Película em que Psylocke - a quem a deslumbrante Olivia Munn emprestará corpo e alma - terá certamente papel de relevo, já que será um dos Quatro Cavaleiros de Apocalipse.

Uma das primeiras fotos oficiais de Olivia Munn como Psylocke em X-Men: Apocalipse postas a circular no ciberespaço.