26 maio 2015

HEROÍNAS EM AÇÃO: VAMPIRA


   Mutante de passado obscuro e vincado pela tragédia, foi perfilhada por Mística antes de se unir aos X-Men. Impedida, apesar da sua bela aparência, de levar uma vida normal, viu sempre mais como uma maldição do que como uma bênção o  seu poder de absorver as habilidades e as memórias de qualquer pessoa cuja pele toque.

Nome original da personagem: Rogue (palavra inglesa para patife ou canalha)
Licenciadora: Marvel Comics
Criadores: Chris Claremont (história) e Michael Golden (arte)
Primeira aparição: Avengers Annual nº10 (novembro de 1981)
Identidade civil: Anna Marie (apelido verdadeiro desconhecido)
Local de nascimento: Caldecott County, Mississipi
Parentes conhecidos: Owen e Priscilla (pais biológicos), Carrie (tia materna), Raven Darkholme/Mística (mãe adotiva), Irene Adler/Sina (idem), Kurt Wagner/Noturno e Graydon Creed (irmãos adotivos, o segundo já falecido)
Afiliação: Ex-integrante da Irmandade dos Mutantes, ex-aluna da Escola Xavier para Jovens Sobredotados, atualmente membro ativo dos X-Men
Base de operações: móvel
Armas, poderes e habilidades: Através do contacto físico, Vampira rouba a energia vital, as recordações e as habilidades físicas e mentais - normais ou especiais - que a sua vítima possua. Assimilando dessa forma não só eventuais superpoderes, mas também alguns dos seus traços de personalidade. Normalmente, este processo ocasiona perda de consciência e de memória no alvo. Sendo o efeito da transferência temporário: uma vez escoadas as características absorvidas, a vítima volta ao normal. Contactos prolongados podem, no entanto, causar o dreno permanente ou até a morte da pessoa vampirizada.
   Circunstâncias que explicam como conseguiu Vampira conservar durante vários anos os poderes da Miss Marvel (superforça, voo e invulnerabilidade). Além destes, a heroína mutante já demonstrou a capacidade de manifestar aleatoriamente dons anteriormente absorvidos, sem a ocorrência de novo contacto com os seus legítimos detentores. Casos, por exemplo, do fator de cura de Wolverine ou das habilidades flamejantes de Solaris.
 Hoje em dia, porém, Vampira dispõe apenas do seu poder original de absorção. Com a diferença de, ao invés do que se verificou na maior parte da sua vida, conseguir agora de forma consciente ativá-lo, desativá-lo ou direcioná-lo para o que quer drenar especificamente, podendo igualmente decidir se o seu toque causará ou não dano ao visado.
  Em consequência do exigente treino a que foi submetida na Sala do Perigo da Escola Xavier, Vampira é também proficiente em diversas técnicas de combate e autodefesa.
 
De vilã a heroína: a evolução visual de Vampira.


Histórico de publicação: A introdução de Vampira na continuidade da Casa das Ideias deveria ter ocorrido em 1979, nas páginas de Miss Marvel nº25. Contudo, o súbito cancelamento do título (numa altura em que metade da arte da história já fora finalizada) adiou a sua estreia por um  par de anos. Assim, a primeira aparição oficial da personagem verificou-se em 1981, no décimo número de Avengers Annual. No ano seguinte, a  mutante surgiu pela primeira vez numa série regular dos Filhos do Átomo: Uncanny X-Men nº158. Com a sua adesão ao grupo a ter lugar em Uncanny X-Men nº171, datado de 1983.

Avengers Annual nº10 (1981) assinalou a estreia oficial de Vampira, então integrada na Irmandade dos Mutantes.

  Não obstante tudo isso, a origem e nome verdadeiro da Vampira apenas seriam revelados mais de uma vintena de anos depois. Até setembro de 2004, data da publicação de uma história escrita por Robert Rodi no efémero título mensal Rogue, o passado da personagem permanecia envolto num denso mistério.
 Apesar da intenção clarificadora da citada narrativa, alguma da informação nela apresentada era inconsistente com dados que haviam sido divulgados ao longo da década anterior. Com efeito, dez anos antes, em X-Men Unlimited vol.1 nº4, numa história com a assinatura de Scott Lobdell, haviam sido veiculados alguns factos até aí ignorados sobre o passado familiar de Vampira.

Em X-Men Unlimited nº4 (1994) foi apresenta a primeira versão da origem de Vampira, entretanto revista.

 Era explicitado, por exemplo, que ela fugira do seu pai depois de os seus poderes mutantes se manifestarem. Em clara contradição, portanto, com a versão de Rodi, em que a jovem assume nunca ter conhecido o pai por ele a ter abandonado antes mesmo do seu nascimento, tendo sido adotada por Mística e Sina antes da eclosão das suas capacidades mutantes.
 Continua, assim, por desvendar o enigmático passado de Vampira, essa eterna inadaptada.


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Beleza sulista que não pode ser tocada, apenas vista.
Biografia: Criada pela sua severa tia materna depois da tragédia se ter abatido sobre os seus pais, a pequena Anna Marie fugiu de casa, tendo sido acolhida por Raven Darkholme (Mística) e Irene Adler (Sina).
  Anos antes, na sequência de um ritual místico fracassado levado a cabo na comunidade hippie onde vivia com a filha e o marido, a mãe de Anna Marie, Priscilla, desaparecera sem deixar rasto. Ficando, assim, a menina entregue aos cuidados da sua irmã, Carrie. Educada por ela nos preceitos da educação tradicional sulista, Anna Marie cedo se tornou fluente em inglês e francês. Sempre se pautando, porém, pela rebeldia e irreverência.
  No princípio da adolescência, os  poderes mutantes de Anna Marie manifestaram-se pela primeira vez, quando ela beijou um rapaz chamado Cody Robbins. Em consequência disso, ela teve a mente preenchida pelas memórias do namorado, com este a cair num coma permanente.
 Amargurada pela impossibilidade de levar uma vida normal, Anna Marie começou a participar nas atividades criminosas da sua mãe adotiva, entrando pela mão de Mística na Irmandade dos Mutantes.
  Logo na sua primeira missão integrada no grupo, a inexperiente Vampira chocou de frente com a Miss Marvel. Daí resultando a absorção permanente das recordações e habilidades meta-humanas da heroína: invulnerabilidade, voo e superforça.

O exato momento em que Vampira absorve os poderes da Miss Marvel.

  Perturbada pela falta de controlo sobre os seus poderes, Vampira procurou a ajuda dos maiores inimigos da Irmandade dos Mutantes, os X-Men. Apesar da renitência dos seus pupilos em aceitá-la no seio da equipa, o Professor Xavier acreditou na sinceridade da filha adotiva de Mística. No entanto, apenas depois de arriscar a própria vida para salvar a noiva de Wolverine, Mariko Yashida, é que Vampira mereceu a confiança dos seus pares.
  Mesmo sabendo que nunca poderia consumar devidamente o seu amor por Gambit, Vampira apaixonou-se pelo seu colega de equipa. Algum tempo depois, os dois  iniciaram uma demanda pelos diários de Sina, cujos poderes precognitivos lhe haviam permitido vislumbrar o futuro dos homo superior. Durante essa jornada conjunta, o casal viu-se despojado das suas habilidades mutantes, aproveitando a oportunidade para viver uma vida normal e anónima numa pacata comunidade californiana.

Vampira e Gambit: amor mutante.

  Esse quotidiano idílico seria, contudo, sol de pouca dura. Depois de recorrerem à ajuda dos X-Men para derrotarem um caçador de mutantes chamado Elias Bogan, Vampira e Gambit reingressaram na equipa.
 Readquirindo o seu poder de absorção graças à habilidade mutante do seu colega de equipa Sage, Vampira partiu numa jornada à descoberta do seu passado. Entre outras peças que lhe permitiram completar um pouco mais o seu puzzle familiar, a jovem descobriu que os seus pais haviam dedicado grande parte das suas vidas à busca pelos Bancos Distantes, uma dimensão onírica cujo acesso apenas era possível a quem atingia um elevado grau de consciência.
  Com a ajuda de Campbell - outro enigmático mutante - Vampira localizou os seus progenitores. Após a emoção do reencontro, a jovem convenceu a mãe a preservar a barreira que separava os Bancos Distantes do nosso mundo. Priscilla aquiesceu, mas foi traída pelo marido, obcecado com a  abertura de um portal entre as duas realidades. Perante estas circunstâncias, a mão de Vampira imolou-se a fim de impedir que outras pessoas mal intencionadas conseguissem futuramente aceder aos Bancos Distantes.
  De seguida, foi a vez de a própria Vampira adentrar esse mundo de sonhos, conseguindo por fim fazer as pazes com o espírito da sua mãe.
  Regressada à Mansão X, Vampira reencontrou Gambit e os dois iniciaram uma terapia telepática ministrada por Emma Frost na esperança de encontrarem uma solução para a impossibilidade de contacto físico entre o casal. As sessões redundaram, contudo, em fracasso.
  Entretanto, uma aluna de Gambit chamada Foxx tentou seduzi-lo. Falhado o ardil, a mulher revelou a sua verdadeira identidade: Mística. A mãe adotiva de Vampira tentara dessa forma apartar o casal, para que a filha pudesse tentar ter um relacionamento amoroso normal com alguém menos problemático.
  Apesar das maquinações de Mística, Vampira e Gambit permaneceram juntos, até ele ser transformado por Apocalipse em Morte, um dos seus quatro cavaleiros. Recusando-se a acreditar na corrupção da alma do seu amado, a heroína mutante quase foi morta por ele em diversas ocasiões.

Vampira encontrou em Mística uma segunda mãe.

  Quando finalmente interiorizou o facto de que o homem que amava não mais existia, Vampira aliou-se a Ciclope e a Emma Frost para resgatar mutantes de uma clínica onde estavam prestes a ser submetidos a horríficas experiências médicas. Recuperando, daí em diante, o estatuto de membro de pleno direito dos X-Men, ao lado dos quais viveu incontáveis peripécias.
   Mais recentemente, na esteira dos eventos mostrados na saga Vingadores versus X-Men (conflito em que começou por ser neutral, acabando, porém, por tomar partido da fação encabeçada por Ciclope), Vampira foi uma das escolhidas para fazer parte da Divisão Unidade dos Vingadores (DUV), força conjunta que reúne humanos e mutantes com o objetivo de promover a coexistência pacífica entre ambas as espécies.
  Culpando a Feiticeira Escarlate pela morte do Professor Xavier, a coabitação entre Vampira e a filha de Magneto na DUV foi sempre pautada por uma enorme tensão. Após assimilar os poderes de Wolverine, e convicta de que a sua colega de equipa seria uma traidora à própria espécie, Vampira assassinou a Feiticeira Escarlate. Apenas para ser logo de seguida morta pelo Ceifador.
  Meses atrás, porém, Vampira foi ressuscitada, tendo-lhe sido confiada a liderança da renovada DUV. Mais madura e determinada do que nunca, ela é hoje uma das mais formidáveis mutantes da Terra.

A morte da Feiticeira Escarlate às mãos de Vampira.

O enigma de um nome: Na trilogia cinemática dos X-Men (2000-2006), Vampira é identificada simplesmente como Marie. Nos quadradinhos, porém, ela já usou vários nomes. Um dos mais notórios e duradouros foi Anna Raven (adotando como apelido o nome próprio de Mística, sua precetora). Chris Claremont, por seu turno, crismou-a de Anna Marie Raven em X-Men Forever. De facto, só em 2004 o seu nome de batismo foi finalmente estabelecido: Anna Marie. Vampira interiorizou-o graças às memórias que absorvera da sua tia que a criara após o desparecimento da mãe. E é esse o nome que consta no prontuário da personagem no Official Handbook of the Marvel Universe (espécie de "quem é quem" da editora). Quanto ao seu apelido verdadeiro, talvez um dia venha a ser revelado...

Vampira fez parte de diversas formações dos X-Men.
Romances de alto risco: Devido à sua habilidade mutante de absorver poderes, energia e memórias alheias com um simples toque, Vampira nunca conseguiu ter um relacionamento amoroso normal. Após o trágico episódio com o seu primeiro namorado (Cody Robbins, que ficou em coma depois de ambos terem trocado o primeiro beijo), a jovem evitou ao máximo o contacto com outras pessoas de modo a evitar incidentes semelhantes. Razão pela qual nutriu durante algum tempo uma paixão platónica pelo seu ex-companheiro de equipa, Longshot. Ficando intimamente devastada quando este se envolveu romanticamente com Cristal.
 O grande amor de Vampira foi, porém, Remy LeBeau, o garboso mutante francês conhecido como Gambit. O que não a impediu de viver também uma intensa paixão com Magneto. Ironicamente, a icónica madeixa branca de Anna Marie foi resultado da sua tentativa de absorção dos poderes do Mestre do Magnetismo, vários anos antes.

Mutante de coração dividido.

Noutros media: Um dos mais carismáticos e proeminentes membros dos X-Men desde meados dos anos 1980, a notoriedade de Vampira há muito transcendeu os quadradinhos. Fora deles, a sua estreia deu-se em 1992, na série animada X-Men. Ainda no campo da animação, a filha adotiva de Mística foi figura de destaque em X-Men: Evolution (2000) e Wolverine and the X-Men (2008).
  No cinema, vem há 15 anos sendo interpretada pela oscarizada Anna Paquin, tendo marcado presença em quatro das cinco longas-metragens dos X-Men (a exceção foi X-Men: Origins). Com a particularidade de Vampira não ter qualquer ligação afetiva com Mística nesta sua versão cinematográfica.
 Em 2008, Vampira ganhou a eleição online promovida pela Comic Book Resources para escolher o melhor X-Men de sempre. Quedando-se, no ano seguinte, na 10º posição da lista das 100 Personagens Femininas Mais Sexys Dos Quadradinhos elaborada pelo Comics Buyer's Guide. Títulos que ratificam de forma incontestável a sua enorme popularidade no seio da comunidade nerd.

Anna Paquin como Vampira em X-Men 3: O Confronto Final (2006).