13 dezembro 2014

HERÓIS EM AÇÃO: GLADIADOR DOURADO



   Caído em desgraça no século 25, um ex-jogador de futebol americano viajou até à nossa época em busca de fama e fortuna, usando para isso tecnologia roubada e o seu conhecimento de acontecimentos históricos futuros. Apesar desta premissa pouco heroica, o Gladiador Dourado foi um ilustre membro da Liga da Justiça Internacional, tendo inclusivamente liderado a sua encarnação mais recente.

Nome original da personagem: Booster Gold
Primeira aparição: Booster Gold #1 (fevereiro de 1986)
Criador: Dan Jurgens
Licenciadora: Detective Comics (DC)
Identidade civil: Michael Jon Carter
Local de nascimento: Gotham City (século 25)
Parentes conhecidos: Jonar Carter (pai), Ellen Carter (mãe falecida), Michelle Carter (irmã gémea), Rip Hunter (filho) e Rani (filha adotiva).
Afiliação: Ex-membro da Liga da Justiça Internacional, dos Mestres do Tempo, do Conglomerado e da Corporação Gladiador Dourado.
Base de operações: Metrópolis (século 21)
Armas, poderes e habilidades: Destituído de superpoderes genuínos, as habilidades aparentemente meta-humanas do Gladiador Dourado provêm do equipamento que ele surripiou de um museu no futuro. Entre os vários apetrechos que compõem a sua parafernália, destacam-se:
- um anel de voo da Legião dos Super-Heróis do século 31 (que ele, graças à sua poderosa força de vontade e num feito ao alcance de poucos, consegue controlar à distância);
- um visor especial que lhe confere visão infravermelha e telescópica, mas também lhe amplifica a audição;
- um par de braceletes que, além de lhe permitirem disparar rajadas energéticas de intensidade variável, funcionam igualmente como comando integrado e fonte de alimentação do seu traje;
- um traje especial (cuja versão primitiva incluía uma capa) que, entre outras coisas, lhe amplifica as suas capacidades físicas e lhe assegura proteção corporal por via da projeção de um campo de força. O qual , por sua vez, pode também absorver e ejetar massa, tanto na sua forma original como sob a forma de uma amálgama;
- circuitos integrados de deslocamento temporal: em tempos dependente de uma esfera cronal para viajar no tempo, na sua mais recente encarnação saída de Os Novos 52!, o Gladiador Dourado já demonstrou ser capaz de o fazer de forma autónoma. Facto que deriva de uma atualização feita pelo seu filho aos circuitos internos do seu traje. Dessa forma o herói consegue agora não só deslocar-se com maior segurança no fluxo cronológico, como também detetar e reparar quaisquer anomalias no mesmo.
  A estes formidáveis recursos tecnológicos somam-se ainda a sua capacidade atlética, o seu vasto conhecimento historiográfico e o envelhecimento celular retardado resultante da infeção cronal que tempos atrás o acometeu.

Mesmo sem superpoderes, o Gladiador Dourado é um adversário de peso.

Histórico de publicação: Com a particularidade de ter sido a primeira personagem de relevo introduzida na renovada cronologia da DC após Crise nas Infinitas Terras (mais informação sobre aquela que é considerada a mãe de todas as sagas em http://bdmarveldc.blogspot.pt/2014/10/do-fundo-do-bau-crise-nas-infinitas.html), o Gladiador Dourado fez a sua resplandecente estreia no primeiro número do seu próprio título, Booster Gold, em fevereiro de 1986. No ano seguinte, tornou-se presença assídua nas histórias da Liga da Justiça que, sob a égide de Maxwell Lord, adquiriria pouco tempo depois âmbito internacional. Juntamente com outros heróis, como Besouro Azul (com quem formou uma das mais hilárias duplas da história da nona arte), Fogo, Gelo e Guy Gardner (outro dos lanternas verdes da Terra), o Gladiador Dourado fez parte da equipa até ao seu desmantelamento em 1996. Foi, de resto, ele um dos principais expoentes daquela que é, ainda hoje, considerada uma das mais divertidas - e polémicas  - fases do mais emblemático coletivo heroico da Editora das Lendas.

A estreia do Gladiador Dourado em Booster Gold #1 (1986).

   Mais de uma década volvida, em 2007, foi anunciado o lançamento de uma nova série mensal estrelada pelo herói futurista. Inicialmente intitulada All-New Booster Gold, chegaria contudo às bancas simplesmente como Booster Gold. Na esteira dos eventos narrados na saga 52 (tópico para um futuro artigo), numa primeira fase as histórias foram coescritas por Geoff Johns e Jeff Katz, ficando a respetiva arte a cargo de ninguém menos do que o próprio criador da personagem, Dan Jurgens.
   Na altura, o principal enfoque da série incidia sobre a natureza clandestina das excursões cronológicas levadas a cabo pelo Gladiador Dourado. Nela foram também incluídos importantes coadjuvantes, como Rip Hunter, Skeets e alguns antepassados do herói.
   Ao cabo de uma dúzia de edições publicadas, a série viu partir a sua parelha de argumentistas, passando Dan Jurgens a acumular temporariamente as funções de escritor e desenhista. Cedendo entretanto lugar nas primeiras ao veterano Chuck Dixon.

Pertence a Dan Jurgens a "paternidade" do Gladiador Dourado.

   Em maio de 2010, Keith Giffen (autor da supramencionada polémica fase da Liga da Justiça Internacional) foi chamado a assumir Booster Gold. O título passaria, assim, a estar interligado com a minissérie então em curso, Justice League: Generation Lost. Nela, o Gladiador Dourado uniria forças com os seus ex-companheiros de equipa Capitão Átomo, Fogo e Gelo para derrotar um ressuscitado Maxwell Lord. A partir de julho desse ano - e até fevereiro do seguinte - seria também um dos protagonistas- a par do Super-Homem e do Lanterna Verde - da minissérie Time Masters: Vanishing Point. Esta, por sua vez, constituiu um apenso da saga Return of Bruce Wayne, tendo como atrativos adicionais, por um lado, a reintrodução no Universo DC do Flash Reverso - um dos inimigos clássicos do Velocista Escarlate; por outro, o estabelecimento de uma base narrativa para o grande crossover da DC nesse ano: Flashpoint (preâmbulo para Os Novos 52! publicado no Brasil em 2012 pela Panini Comics).

O renovado visual do Gladiador Dourado em Os Novos 52!

Biografia: Michael Jon Carter e a sua irmã gémea Michelle nasceram numa zona pobre e degradada da Gotham City do século 25. Mais precisamente no ano da graça de 2442. No dia do seu quarto aniversário, o pai de ambos, um jogador compulsivo atolado em dívidas, fugiu para parte incerta. Michael e Michelle foram, por isso, criados apenas pela sua dedicada mãe.
  Atleta de exceção, no final da adolescência Michael conseguiu uma bolsa universitária devido à sua condição de jogador de futebol americano. Facto que lhe valeu a alcunha de Booster (dentre as traduções possíveis do termo, "propulsor" será porventura a mais adequada) e o levou a acalentar a esperança de futuramente vir a ser contratado por algum dos grande clubes nacionais. Entre outras coisas, isso permitir-lhe-ia financiar o tratamento médico de que a sua mãe - a braços com uma doença debilitante - necessitava mas que a sua família não tinha como custear.
   Revelando ter herdado do pai a apetência pelo jogo, Michael envolveu-se num esquema de apostas ilegais e de resultados combinados, chegando mesmo a perder propositadamente algumas partidas. Foi, contudo, dessa forma que conseguiu reunir dinheiro suficiente para pagar o tratamento médico de que a sua mãe tanto precisava. No entanto, logo após a cura da sua progenitora, Michael foi preso sob a acusação de jogo ilegal e viciação de resultados. Um desgosto que partiu o coração da sua mãe e envergonhou a sua irmã.
  Cumprida a pena de prisão, Michael saiu em liberdade e conseguiu um emprego como vigilante no Museu Espacial de Metrópolis, local onde viu pela primeira vez imagens e gravações dos principais heróis do século 20.Inspirado pelas suas aventuras e façanhas, resolveu dar num novo rumo à sua vida, tornando-se ele próprio um super-herói. Com esse objetivo em vista, roubou alguns artefactos expostos no museu (ver listagem completa na rubrica "Armas, poderes e habilidades"), além de um robô de segurança chamado Skeets ,que se tornaria daí em diante seu fiel serviçal. Assenhorou-se ainda de  uma esfera cronal que usou para recuar no tempo até aos finais do século 20. Já no passado, adotou inicialmente o nome Goldstar. Depois, usou o seu conhecimento da história futura para salvar a vida do presidente dos EUA quando este foi alvo de uma tentativa de assassinato. Devido a uma confusão semântica, na cerimónia a que teve depois direito na Casa Branca, acabou por ser apresentado como Gladiador Dourado. Nome que ficou e que ele usaria doravante também como marca comercial.
  Obcecado com autopromoção e lucro, o Gladiador Dourado não se limitou, com efeito, a empreender uma carreira heroica. Em paralelo a esta, lançou-se no mundo dos negócios fundando em Metrópolis uma corporação que se dedicava essencialmente à comercialização de merchandising inspirado no próprio Gladiador. Traços de personalidade que irritam solenemente alguns dos seus pares, com Batman à cabeça. Nada que tire, porém, o sono ao herói vindo do futuro, que não vê motivo para não juntar o útil ao agradável. Porque não há de, afinal, o combate ao crime ser uma atividade lucrativa?
  Integrado nas fileiras da Liga da Justiça Internacional (LJI), o Gladiador Dourado logo estabeleceu uma forte amizade com o Besouro Azul. Ambos seriam, aliás, responsáveis por um extenso rol de embaraços e prejuízos causados à equipa então sob os auspícios de Maxwell Lord. A título exemplificativo, em determinada altura os dois estarolas consideraram perfeitamente razoável a ideia da construção de um casino numa ilha viva...

Foto de família da Liga da Justiça Internacional.
Em pé, da esquerda para a direita.: Capitão Átomo, Soviete Supremo, Batman, Caçador de Marte e Guy Gardner.
Em baixo (pela mesma ordem): Maxwell Lord, Gladiador Dourado, Besouro Azul (com Oberon à frente), Senhor Milagre e Canário Negro.
   Cansado de não ser levado a sério pelos seus companheiros de equipa, o Gladiador Dourado abandonou temporariamente a LJI e formou o Conglomerado (espécie de sociedade de heróis de aluguer). Não tardaria, porém, a regressar, bem a tempo de enfrentar uma das mais poderosas ameaças com que a Liga alguma vez se deparara: Apocalypse. Foi ele, de resto, quem assim batizou o monstro que seria o verdugo do Super-Homem. Durante a batalha, o Gladiador Dourado teve o seu traje destruído por Apocalypse, quase morrendo às mãos da criatura.
   Com maior ou menor destaque, o Gladiador Dourado participou em praticamente todas as sagas de maior envergadura produzidas pela DC na última década. Casos de, por ordem cronológica, Infinite Crisis (2005-06), 52 (2006-07), One Year Later (2007-08), Brightest Day (2010-11), Flashpoint (2011) e The New 52 (2011 até ao presente). Na renovada cronologia da DC saída desta última, ele surgiu como o improvável líder da nova encarnação da Liga da Justiça Internacional. Funções para as quais foi escolhido pela ONU e que levou muito a sério, empenhando-se em ser um herói digno desse nome.
  Todavia, malgrado os esforços do Gladiador Dourado e o apoio manifestado por Batman à sua liderança, a nova LJI teve vida curta, sendo desmantelada após ter sido alvo de sucessivos ataques terroristas que vitimaram alguns dos seus membros.
  Entretanto, uma versão futura do herói alertou-o para a catástrofe que resultará do romance entre o Super-Homem e a Mulher-Maravilha. Instantes depois de ter recebido este aviso, o Gladiador Dourado desapareceu sem deixar rasto. Recentemente, porém, reapareceu na Gotham City do século 19, persistindo o mistério em redor desse facto.

Ação promocional falhada do Gladiador Dourado.

Legado: Desde a sua origem, diversas personagens proeminentes do Universo DC insinuaram que ao Gladiador Dourado estará reservado um destino muito mais grandioso do que ele imagina. Logo na saga Millennium (publicada originalmente nos EUA em 1988, e pela editora Abril no Brasil no ano seguinte),  a Precursora revela ao Caçador de Marte que o Gladiador Dourado é um dos Escolhidos.Devendo, por isso, ser protegido a todo o custo. Quase um quarto de século depois, em 52, Rip Hunter afirma que o momento em que o Gladiador Dourado salvou o multiverso da destruição será recordado no futuro como a "aurora dourada" .
  Mais tarde, na revitalizada série Booster Gold, o mesmo Rip Hunter refere-se ao legado heroico do Gladiador Dourado. É igualmente revelado que ele treinará o maior dos Mestres do Tempo, sendo simultaneamente o pai do próprio Rip.
  Devido à complexa dinâmica das viagens através do fluxo cronológico, a versão futura do Gladiador Dourado - operando com a sua esposa a partir de uma época desconhecida - monitoriza atentamente a trajetória do seu eu passado, bem como a do seu filho, assegurando dessa forma que ambos cumprem os respetivos destinos manifestos. No entanto, em virtude de um fenómeno denominado "paradoxo de predestinação", o Gladiador Dourado do futuro demonstra ser um Mestre do Tempo mais experiente do que o seu descendente. É ainda sugerido que a sua empreitada consiste em "podar" as linhas temporais divergentes em cada um dos universos que compõem o multiverso, por forma a preservar a coerência e harmonia cronológicas.

Um nómada cronológico cujo heroísmo reverbera pelas eras.
     
Noutros media: Apesar de uma modesta 173ª posição na lista das 200 melhores personagens de sempre dos quadradinhos compilada pela revista Wizard, o Gladiador Dourado obteve um respeitável 59º lugar no Top 100 dos maiores super-heróis de todos os tempos organizado pelo site IGN. Fora da banda desenhada, a sua estreia ocorreu em 2006 quando integrou o elenco da Liga da Justiça que estrelou nesse ano a série animada Justice League Unlimited. Na esteira dessa sua participação, marcou posteriormente presença em episódios avulsos de mais um par de produções do género: Legion of Super-Heroes (2006) e Batman: the Brave and the Bold (2008-2011). A sua relevância em ambas foi, contudo, diminuta.
  Ainda no pequeno ecrã, em 2011 o Gladiador Dourado participou no 18º episódio da 10ª temporada de Smallville, interpretado por Eric Martsolf. Numa adaptação bastante fiel ao conceito original, a personagem é retratada como um egocêntrico ávido de fama e glória proveniente do futuro, que viaja para a nossa época para se tornar uma celebridade. Razão pela qual ostenta os logotipos de vários patrocinadores no seu uniforme.
  Em 2013, o canal SyFy encomendou à Berlanti Productions uma série real do Gladiador Dourado, ao estilo de Arrow e The Flash. Projeto que, até ao momento, continua na gaveta. O mesmo sucedendo com o filme baseado no herói cuja produção foi nesse mesmo ano anunciada por David S. Goyer (argumentista, entre outros, da mais recente trilogia do Cavaleiro das Trevas).

Eric Martsolf deu vida ao Gladiador Dourado em Smallville.
 

08 dezembro 2014

GALERIA DE VILÕES: ULTRON



  Anos atrás, o Vingador fundador Hank Pym criou a sofisticada inteligência artificial conhecida como Ultron. Espécie de Frankenstein cibernético, logo a criatura se virou contra o seu criador. Ao tornar-se senciente, o robô classificou a humanidade como uma praga e empreendeu um meticuloso programa de extermínio.O qual porá em prática na sequela de Os Vingadores...

Nome original da personagem: Ultron
Primeira aparição: Avengers #55 (agosto de 1968)
Criadores: Roy Thomas (história) e John Buscema (arte)
Licenciadora: Marvel Comics
Local de nascimento: Laboratório de Hank Pym sediado em Cresskill, Nova Jérsia.
Parentes conhecidos: Hank Pym (responsável pela sua criação e programação, aos olhos do robô o cientista é o seu pai); Janet Van Dyne (devido ao seu casamento com Pym à data da conceção de Ultron, a Vespa foi catalogada como mãe); Jocasta (criada por Ultron para ser sua consorte); Visão (outra criação do robô, que o considera seu primogénito). Ultron considera também membros da sua linhagem todos aqueles que, em algum momento, estabeleceram uma relação de parentesco com o Visão. Casos, entre outros, da Feiticeira Escarlate (ex-mulher do androide) ou de Magnum (espécie de meio-irmão do Visão).
Afiliação: Ex-membro da Legião Letal, dos Filhos de Yinsen e dos Mestres do Terror.
Base de operações: Móvel
Armas, poderes e habilidades: Apesar de a aparência e dos poderes de Ultron terem variado ao longo dos anos, algumas das suas habilidades mantiveram-se inalteradas. Dentre elas destacam-se a força, resistência e reflexos sobre-humanos, assim como a sua capacidade de voo a velocidades subsónicas. Entre muitos outros recursos, a sua parafernália ofensiva inclui armamento de plasma e rajadas concussivas de intensidade variável disparadas através das suas manoplas e sensores óticos. Na suas versões mais recentes, o robô criado por Hank Pym é igualmente dotado de uma espécie de raio hipnótico que lhe permite exercer controlo mental sobre as suas vítimas ou implantar nelas comandos subliminares. Para se energizar, Ultron desenvolveu a capacidade de converter radiação eletromagnética em eletricidade.
  O  intelecto cibernético de Ultron confere-lhe uma formidável capacidade analítica e de processamento de informação em larga escala. Talentos que fazem dele um exímio estrategista e um perito tecnológico (permitindo-lhe, assim, produzir servos robóticos ou proceder a autorreparações).
  Alimentado por um pequeno reator nuclear interno, o exoesqueleto de Ultron é composto principalmente por adamantium. A primeira referência a este metal fictício e virtualmente indestrutível surgiu, de resto, a propósito da couraça que recobre o vilão, numa história publicada em julho de 1969 nas páginas de Avengers #66.
  Ultron consegue controlar remotamente outras máquinas, incluindo os mais sofisticados computadores e um exército de robôs criados à sua imagem (exceto pela ausência de adamantium nas respetivas couraças, substituído por aço ou outros metais).

Ultron tem pouco pontos fracos.
Fraquezas: Para fins de reconstrução ou de modificação da sua forma física, Ultron está apetrechado com um modelador molecular, suscetível de tornar mais maleável o adamantium que reveste os seus circuitos internos. No entanto, os efeitos do dispositivo não se estendem ao exoesqueleto do vilão, sendo portanto praticamente impossível desativá-lo a partir do exterior. Até ao momento, a  única forma conhecida de o conseguir é por intermédio da magia do caos conjurada pela Feiticeira Escarlate.
 Outra das vulnerabilidades do robô reside nas suas partes revestidas por outro material que não adamantium. Significando isto que Ultron pode, ironicamente, ser derrotado por insetos. Melhor dizendo, por adversários com poderes de encolhimento, como são os casos da Vespa ou do Homem-Formiga.

Visual clássico de Ultron.

Biografia e histórico de publicação: Ainda sem nome atribuído, Ultron fez uma breve aparição em Avengers #54 (1968), com a sua estreia oficial a ter lugar no número seguinte desse título. Criação de Roy Thomas e John Buscema, tanto o seu visual como os seus poderes foram fortemente influenciados por Mechano, um obscuro vilão que marcou presença numa edição do título Captain Video. Facto, de resto, assumido pelo próprio Roy Thomas.

Mechano, a anónima personagem que serviu de inspiração à criação de Ultron.

Roy Thomas e John Buscema (foto infra) dividiram a paternidade de Ultron.


   Na sua primeira aparição na qualidade de personagem não identificada, Ultron liderou a ofensiva dos Mestres do Terror contra os Vingadores. De caminho, hipnotizou Jarvis, o fiel mordomo do grupo, para que este fosse seu cúmplice.
   Em Avengers #55 (agosto de 1968), o robô foi apresentado como Ultron 5, o Autómato Vivo, pese embora a sua origem e motivações permanecessem ainda um mistério. Numa sequência retrospetiva mostrada nos números 57 e 58 da série, foi revelado que o robô fora o criador do Visão, a quem tencionava usar como cavalo de Troia para neutralizar os Vingadores. Contudo, o androide - que recebera os padrões cerebrais de Wonder Man (conhecido como Magnum entre o público lusófono) - destruiu o seu criador com o auxílio dos seus companheiros de equipa.

Visão, o androide criado por Ultron para destruir os Vingadores, acabou por se tornar um deles.

  Flashbacks posteriores revelariam que Ultron era, na verdade, uma inteligência artificial concebida por Hank Pym (notabilizado, entre outras identidades, como Homem-Formiga, um dos Vingadores fundadores). Apesar de ter recebido os padrões cerebrais do seu criador, logo o robô adquiriu consciência e vontade próprias, rebelando-se contra Pym. Decorrente desse facto, Ultron, numa variante cibernética do incensado complexo de Édipo, desenvolveu um ódio obsessivo pelo seu "pai" ao mesmo tempo que manifestava um vago interesse romântico pela Vespa (à época, esposa de Pym).
  Depois de se ter reconfigurado sucessivas vezes, Ultron logrou hipnotizar Pym, apagando da mente do cientista todas as memórias referentes à sua existência.
 Menos de um ano volvido, em julho de 1969, o perverso robô reapareceu em Avengers #66. Autodenominando-se agora Ultron 6, ostentava já o exoesqueleto recoberto de adamantium, que o tornava virtualmente invulnerável e que seria daí em diante a sua imagem de marca. Obstinado em exterminar a humanidade - por ele catalogada como uma praga -, viu novamente os seus planos gorados pela ação dos Vingadores.

A estreia oficial de Ultron em Avengers #55 (1968) não teve direito a destaque na capa.

   Depois disso, os leitores tiveram de esperar cinco anos - mais precisamente até setembro de 1974 - para verem Ultron voltar a dar um ar da sua graça nas páginas de Avengers. Num crossover dos Vingadores com o Quarteto Fantástico (publicado em Avengers #127 e Fantastic Four #150), o redivivo vilão - reconstruído por Maximus, o irmão demente de Raio Negro, soberano dos Inumanos  - irrompeu no casamento de Cristalys e Mercúrio. Após uma violenta refrega com as duas equipas de heróis e com alguns Inumanos, o robô -entretanto renomeado Ultron 7- foi novamente destruído.
   A sua aparição seguinte data de julho de 1977, em Avengers #161. Nessa edição e na subsequente, a oitava versão de Ultron foi responsável pela criação de Jocasta, numa história a fazer lembrar o clássico da 7ª arte A Noiva de Frankenstein, uma vez que o robô desejava ardentemente uma companheira para mitigar a sua solidão. Escassos meses após esses eventos, em Abril de 1978, os Vingadores enfrentaram e levaram novamente a melhor sobre Ultron. Publicada em Avengers #170 e 171, a história em questão contou com a participação especial da Miss Marvel.

Ultron e Jocasta: amor cibernético.

    A década seguinte principiou com o regresso triunfal de Ultron. Logo em 1980, nos números 201 e 202 de Avengers, a maligna criação de Hank Pym voltou a atormentar os maiores campeões da Terra. Depois de ter controlado mentalmente alguns dos membros da equipa, o robô acabou, como sempre, derrotado e desmantelado.
    Durante a saga Secret Wars (1984-85), o robô foi reconstruído por Beyonder e enviado por ele para o planeta onde as fações heroica e vilanesca se digladiavam numa guerra sem quartel  orquestrada pelo omnipotente ser. Na senda de uma breve batalha com o Coisa, Ultron acabaria uma vez mais destruído. Contudo, o pedregoso membro do Quarteto Fantástico teve a infeliz ideia de, à laia de troféu, trazer a cabeça do robô para a Terra. A qual acabaria esquecida e abandonada pelo Coisa quando este foi convocado para enfrentar uma invasão alienígena.
   Algum tempo depois, uma nova versão - a 12ª - de Ultron surgiu mancomunada com o Ceifador (Grim Reaper no original) e seus comparsas numa cabala para liquidar Magnum - Vingador e irmão mais novo do Ceifador. Embora o conclave vilanesco tenha capitulado diante dos Vingadores da Costa Oeste, Ultron estabeleceu uma incipiente relação afetiva com o seu "pai", Hank Pym. Num esforço para se humanizar, o robô passou a referir-se a si mesmo como Ultron Mark 12. No entanto, depois de se autorreconstruir, Ultron 11 lançou um feroz ataque contra Pym e o seu gémeo robótico. Graças à ajuda de Magnum, Pym e Ultron 12 conseguiram derrotar o vilão. De seguida, Ultron 12 optou por desativar-se, não sem antes se declarar satisfeito por ter salvo a vida ao seu criador.

Criador e criatura: Hank Pym e Ultron,

   Em meados dos anos 1990, combinando todas as anteriores personalidades do robô, o Doutor Destino reconstruiu Ultron, acreditando que essa miscelânea o tornaria subserviente a si. Em vez disso, a carcaça cibernética do vilão passou a abrigar uma dúzia de personalidades conflituantes. Daí resultando um grau de insanidade que culminou com a automutilação levada a cabo por Ultron 12 numa tentativa desesperada para remover alguns dos seus alter egos. O Demolidor e os Inumanos Karnak e Gorgon lograram destruir o vilão danificando severamente os cabos desprotegidos localizados no seu pescoço.
  Na esteira desses acontecimentos, surgiu uma nova versão de Ultron, prontamente detida pelos Vingadores da Costa Oeste. Após escapar do seu cativeiro, o robô procurou obter uma nova forma de vibranium (outro dos metais fictícios do Universo Marvel) chamada Nuform. Tendo, contudo, sido travado pela forças combinadas do Homem de Ferro, do Homem-Aranha e do Pantera Negra.
  Não levou muito tempo para que Ultron 13 se evadisse e se reconfigurasse sob o epíteto de Ultron Superior (Ultimate Ultron no original). Capturando Harpia (Mockingbird), o robô usou os padrões cerebrais da Vingadora na criação de uma nova consorte a que deu o nome de Alkhema. Ambos acabariam, porém, por ser lançados no espaço pelo Visão.
   O casal robótico retornaria entretanto à Terra com o propósito de desencadear um inverno vulcânico (planeando para esse efeito plantar potentes bombas nos núcleos de diversos vulcões espalhados pelo globo). Detidos pelos Vingadores da Costa Oeste, Alkhema rebelou-se contra Ultron, acabando por abandoná-lo. Quase em simultâneo, uma outra versão do robô era descoberta pelo Visão. Infetado por emoções humanas, Ultron 15 padecia de sintomas análogos aos do alcoolismo, acelerando dessa forma a sua deterioração física. Sob a tutela do Visão, Ultron 15 e uma ressuscitada Jocasta partiram numa jornada à descoberta do mundo.

Uma das mais recentes versões de Ultron.
   Já neste século, os Vingadores descobriram que todas as criações de Ultron (Visão, Jocasta e Alkhema) estavam subconscientemente compelidas a reconstruir o seu criador devido a um programa secretamente instalado em cada uma delas. Assim, quando se propunha a gerar uma nova gama de biossintozoides, Alkhema reconstruiu involuntariamente Ultron.  Com a diferença de que nesta versão -a 18ª - o robô era revestido de aço em vez do tradicional adamantium. Razão pela qual acabaria destruído na explosão da base subterrânea da sua antiga companheira. Contudo, a cabeça de Ultron foi recuperada por uma das sintozoides sobreviventes, uma rapariga artificial chamada Antígona.
  Pouco tempo depois, uma bizarra versão do robô - a cabeça decepada de Ultron 18 acoplada num modelo antigo do seu exoesqueleto -  lideraria o culto conhecido como Filhos de Yinsen numa tentativa de conquistar o mundo por via da religião. Os seus planos seriam, no entanto, frustrado pelo Homem de Ferro.
   Em junho de 2007, a Marvel lançou um novo título estrelado pelos Vingadores. Num arco de histórias que se prolongou pelos seis primeiros números de Mighty Avengers, Ultron, sob a forma de um programa de computador, estabeleceu uma interface com a armadura do Homem de Ferro que, por seu turno, integrava a biologia de Tony Stark. Facto que permitiu a Ultron transformar o Vingador Dourado numa nova versão de si próprio, à qual atribuiu a forma humana da Vespa, embora recoberta por uma pele metálica. Nascia assim a primeira encarnação feminina de Ultron.

Janet Van Dyne (a Vespa) serviu de modelo à única encarnação feminina de Ultron.

  Para reverter o processo e libertar Tony Stark, foi necessária a utilização de um complexo vírus informático desenvolvido por um agente secreto Skrull que, à data, se fazia passar por Hank Pym. Este não foi, contudo, o fim de Ultron, cuja consciência foi lançada para os confins do espaço sideral. Por lá permanecendo nos meses seguintes sob a forma de ondas de rádio até ser resgatado por uma espécie cibernética conhecida apenas como a Falange, e que tentava estabelecer contacto com uma raça aparentada. Sob o comando do robô, a Falange invadiria depois o espaço Kree, com Ultron a apoderar-se do corpo de Adam Warlock na esperança de alcançar dessa forma a perfeição tecno-orgânica.
   Mais recentemente, na saga Age of Ultron (Era de Ultron, já publicada no Brasil pela Panini Comics e que servirá de premissa ao segundo filme dos Vingadores), após regressar à Terra, o robô colocou em marcha um programa de extermínio da humanidade ao mesmo tempo que remodelava o planeta à sua imagem. Enquanto o punhado de heróis remanescentes procurava desesperadamente uma forma de derrotá-lo, foi revelado que ele se encontrava no futuro - a salvo, portanto, de qualquer ataque - usando um indefeso Visão como veículo para a punição que pretendia infligir aos humanos. Após duas viagens ao passado a fim de evitar que Hank Pym construísse Ultron, foi por fim encontrada uma forma de detê-lo sem alterar drasticamente a realidade futura.
O crepúsculo dos derradeiros protetores da humanidade em  Era de Ultron.   

Noutros media: Ultron figura no 189º lugar da lista dos 200 Melhores Vilões de Sempre compilada pela revista Wizard, precisamente o mesmo que ocupa no ranking das 200 Melhores Personagens de Todos os Tempos organizado pela mesma publicação especializada em comics e seus derivados. Já no Top 100 dos Melhores Vilões selecionados pelo site IGN, o maléfico robô queda-se numa notável 23ª posição, atestando assim a sua popularidade dentro e fora dos quadradinhos.
  A estreia de Ultron no pequeno ecrã ocorreu por via da sua participação regular na série animada Avengers: United They Stand, exibida nos EUA pelo canal Fox, entre outubro de 1999 e fevereiro de 2000. No seu currículo televisivo incluem-se também  participações noutras duas séries do género: The Super Hero Squad Show e The Avengers: Earth's Mightiest Heroes. 
   Ainda no campo da animação, Ultron marcou presença em Next Avengers: Heroes of Tomorrow, longa-metragem de 2008 com lançamento direto em DVD. No próximo ano, o maléfico robô será o antagonista dos Vingadores no aguardado segundo capítulo das aventuras  cinematográficas dos maiores heróis da Terra. Sabe-se que o ator James Spader lhe emprestará a voz e que, nesta versão, Ultron terá sido obra de Tony Stark, e não de Hank Pym.

Em Avengers 2: Age of Ultron, o vilão robótico gaba-se de não ter cordas a prendê-lo.