28 agosto 2012

FÁBRICA DE MITOS: MALIBU COMICS





 
          Antes de ser absorvida em 1994 pela Marvel, a Malibu Comics deu cartas no mercado editorial norte-americano de quadradinhos. Nomes sonantes como Jim Starlin e Steve Englehart deram o seu contributo para o êxito do projeto.
         Também conhecida como Malibu Graphics, a Malibu Comics foi fundada em 1986 por Tom Mason e Dave Olbrich (aos  quais se juntou Chris Ulm no ano seguinte) em Calabasas, Califórnia. Ganhou notoriedade com a sua linha de super-heróis batizada de Ultraverse, na qual pontuavam personagens como Prime ou Ultraforce. No entanto, o projeto apenas singrou graças ao financiamento de Scott Mitchell Rosenberg que, na altura, dirigia uma distribuidora de banda desenhada, a Sunrise Distributors. Por sua vez, Olbrich já colaborara com uma editora independente de comics (a Fantagraphics) e fora administrador dos Prémios Jack Kirby (uma espécie de Óscares das histórias aos quadradinhos).

Da esquerda para a direita: Tom Mason, Chris Ulm, David Olbrich e Scott Rosenberg.
 
           A nova editora teve um começo de carreira modesto, limitando-se a publicar títulos a preto e branco. Combinando, porém, o lançamento de séries inéditas com a aquisição do licenciamento de personagens clássicas como Tarzan ou Sherlock Holmes e com as adaptações aos quadradinhos de filmes, séries televisivas e videojogos de sucesso, a Malibu Comics conquistou o seu lugar ao sol na competitiva indústria dos comics, dominada pelas gigantes Marvel e DC.
          Apenas um ano depois da sua fundação, a Malibu Comics adquiriu as editoras Eternity Comics e Aircel Comics (sendo esta canadiana). No âmbito dessa estratégia de crescimento, em 1989 foi a vez de a Adventure Publications ser também absorvida.
         O auge foi atingido em 1992. Nesse ano, os super-heróis da extinta Centaur Publications (uma editora da Idade do Ouro dos Quadradinhos, cujas propriedades autorais se tornaram do domínio público) ressurgiram fugazmente em títulos próprios publicados pela Malibu.  Ainda nesse ano, a Malibu associou-se ao revolucionário projeto da Image Comics (ver Fábrica de Mitos: Image Comics), assegurando-lhe a impressão do material produzido, assim como o acesso aos canais de distribuição. Essa decisão permitiu à Malibu conquistar uma quota de mercado de quase 10%, suplantando, ainda que apenas temporariamente, a toda-poderosa DC. Foi, contudo, sol de pouca dura. No ano seguinte, já com a sua situação financeira consolidada, a Image Comics passou a publicar os seus próprios títulos e pôs um ponto final à sua parceria com a Malibu. Na sequência desse revés, a empresa procurou capitalizar a crescente popularidade dos videojogos e fundiu-se com a ACME Interactive. Nascia assim a Malibu Entertainment, Inc.

Capa de Mortal Kombat nº1.
 
          Durante o boom de super-heróis verificado nos primeiros anos da década de 1990 com o surgimento da Image Comics, da Valiant, mas também com a reinvenção do conceito por parte da DC e da Dark Horse Comics, a Malibu regressou à ribalta com o lançamento do seu Ultraverse. Em parte, essa nova linha de super-heróis destinava-se a preencher o vazio deixado pela emancipação da Image. Todavia, o sucesso do projeto deveu-se, essencialmente, à aposta em novos talentos e ao incremento de qualidade do material produzido face aos quadradinhos tradicionais. À semelhança da Image (e para gáudio dos leitores), a Malibu investiu em papel de melhor qualidade e aderiu ao tratamento digital de cores.
          De modo a enfatizar a interligação entre as diferentes séries que compunham o Ultraverse, a Malibu massificou os crossovers entre as suas várias personagens. Era comum um arco de histórias iniciado num determinado título ter o seu desfecho noutro. Também foram promovidos vários encontros entre personagens do Ultraverse e de outras editoras, nomeadamente da Marvel. Dentre eles, destacam-se: Os Vingadores/Ultraforce, Prime versus Hulk, Night Man versus Wolverine, etc.
           Para rentabilizar ao máximo o êxito da sua linha super-heroica, a Malibu promoveu também intensamente as edições especiais e as edições limitadas. Foi, pois,  sem surpresa que o Ultraverse rapidamente passou a dominar o catálogo da editora.


 
            Um dos seus títulos mais populares era  The Night Man (criado por Steve Englehart) que, entre 1997 e 1999, teve direito a uma série televisiva homónima (também exibida em Portugal na TVI).
 
            Em paralelo, a Malibu lançou a linha Bravura. Destinada a promover o trabalho de criadores independentes, nela colaboraram pesos-pesados da indústria como Jim Starlin, Marv Wolfman ou Howard Chaykin. Já Rock-It Comix apresentava histórias aos quadradinhos baseadas em bandas rock.
Breed foi um projeto de Jim Starlin, publicado na linha Bravura.

           Com o generalizado declínio das vendas que, em meados dos anos 1990, afetava grande parte das editoras, a Malibu cancelou as séries menos rentáveis. Foi nesse contexto que, em 1994, a Marvel Comics avançou com a compra da concorrente. Daí resultando a saída de Tom Mason e de Chris Ulm, pouco tempo depois.
           Ato contínuo, a Marvel cancelou toda a linha Ultraverse. Apenas para, algum tempo depois, relançar os seus títulos mais populares, assim como vários novos crossovers com personagens do universo Marvel. Ou melhor dizendo, do multiverso Marvel, uma vez que o Ultraverse foi incorporado nele sob a designação de Earth 93060. Esse renascimento do Ultraverse foi, porém, efémero e, uma vez mais, a Marvel acabou por cessar a sua publicação.
          Numa entrevista concedida já este ano, Steve Englehart insinuou que, na origem dessa decisão, estaria o facto de 5% dos lucros reverterem para os fundadores da Malibu ainda vivos. Tom Breevort, editor-chefe da Marvel, negou que fosse esse o motivo mas também não aventou outra explicação para o facto, escudando-se num suposto acordo de confidencialidade.

O universo Malibu dá as boas vindas a Evil Ernie (ex-Eternity Comics).
 
          

15 junho 2012

HERÓIS EM AÇÃO: HELLBOY



       Criação suprema de Mike Mignola, Hellboy é um demónio vindo de outra dimensão cuja Mão Direita do Destino pode libertar um mal inimaginável.

Nome original: Hellboy
Primeira aparição: San Diego Comic-Con Comics nº2  (agosto de 1993)
Criador: Mike Mignola
Licenciadora: Dark Horse Comics
Identidade civil: Anung un Rama
Filiação: Departamento de Pesquisa e Defesa Paranormal (DPDP)
Base de operações: móvel
Poderes e armas: Superforça, sentidos aguçados, resistência sobre-humana, longevidade, fator de cura, vasto conhecimento do sobrenatural e capacidade inata para compreender línguas mágicas são os principais poderes de Hellboy. Aos quais se soma a Mão Direita do Destino: bastante maior do que a esquerda, a sua mão direita é feita de pedra vermelha e pode servir como chave para libertar o demónio Ogdru Jahad, que desencadearia o apocalipse. Também costuma transportar no seu cinto de utilidades ervas mágicas, ferraduras, relíquias sagradas, granadas e uma vasta parafernália de instrumentos. Quase como uma extensão natural do seu corpo, a pistola que lhe foi ofertada pelo antigo super-herói Tocha da Liberdade é a arma de eleição de Hellboy sempre que enfrenta ameaças sobrenaturais.

A estreia de Hellboy em San Diego Comic-Con Comics nº2 (1993).
Biografia: Anung un Rama, o ser que posteriormente se tornaria Hellboy, foi descoberto na noite de 23 de dezembro de 1944 numa ilha da costa escocesa. Convocado à Terra pelo pérfido mago russo Grigori Rasputin, ao serviço dos nazis, o demónio bebé materializou-se a quilómetros de distância, no adro de uma igreja em East Bromwich. Aí foi encontrado por uma equipa de soldados americanos com a missão de investigar o estranho ritual levado a cabo por Rasputin. Entre eles, encontrava-se o Professor Trevor Bruttenholm, do Departamento de Pesquisa e Defesa Paranoramal (DPDP). Bruttenholm batizou o pequeno demónio de Hellboy e levou-o para as instalações do DPDP onde seria treinado em segredo para ser um investigador do paranormal.
                   Em 1952, com apenas oito anos de idade e após uma temporada numa base aérea norte-americana no Novo México, Hellboy ingressou no DPDP. Nesse mesmo ano, foi-lhe atribuído pelas Nações Unidas o estatuto de humano honorário.
                 À medida que os anos passavam, o seu corpo ia envelhecendo mas esse processo não era acompanhado pela sua mente. Com efeito, Hellboy tem a aparência de um homem de meia-idade mas a maturidade emocional e psicológica de um adolescente, o que se traduz numa proverbial irreverência. Interessou-se ao longo dos anos por diversos temas ligados ao Oculto e ao sobrenatural, tais como possessões demoníacas, assombrações, exorcismos, encantamentos e artefactos místicos. Isso permitiu-lhe tornar-se no principal agente de campo do DPDP, viajando pelos quatro cantos do mundo e enfrentado múltiplas ameaças sobrenaturais. A ele juntou-se um lote de criaturas bizarras dotadas de poderes sobre-humanos: Liz Sherman (uma jovem pirocinética); Abe Sapien (um humanoide anfíbio e telepata); Roger (uma enorme homúnculo);  Johann Kraus (o espírito de um médium num fato de contenção); Kate Corrigan (uma professora de folclore da Universidade de Nova Iorque); e o capitão Ben Daimio (um militar das operações especiais com experiência no Oculto).
               Durante uma visita à igreja de East Broomwich (local do seu "nascimento"), Hellboy descobriu que foi concebido há 300 anos por uma bruxa e um demónio. O que prova que ele é, na realidade, meio-humano.

Hellboy: Seed of Destruction , uma das melhores grapich novels do herói demoníaco.

Historial de publicação: Antes de ser publicado pela Dark Horse Comics, Hellboy foi apresentado aos executivos da concorrente Detective Comics (DC). Embora tenham adorado o conceito desenvolvido por Mignola, desagradou-lhes o envolvimento de temáticas relacionadas com o Inferno.
               As primeiras histórias da personagem foram concebidas e desenhadas por Mike Mignola, sendo o argumento da autoria de John Byrne. Entre elas, encontra-se uma história de quatro páginas  a preto e branco, lançada durante a convenção de fãs San Diego Comic-Con em agosto de 1993. Dois anos antes, porém, Hellboy já figurara num panfleto onde era apresentada uma pequena biografia de Mike Mignola.
Audaz e irreverente. Assim é Hellboy.

Curiosidades: De acordo com Mignola, a personalidade de Hellboy foi decalcada da do seu próprio pai, um trabalhador que não raras vezes regressava a casa com mazelas mas que conservava sempre o bom humor.
                O nome "Hellboy" nasceu de uma private joke de Mignola, que achava o nome hilário.
                As aventuras de Hellboy e o estilo artístico de Mignola, foram fortemente influenciados pela arte de Jack Kirby, bem como pela obra de Bram Stroker (o criador de Drácula), o escritor preferido de Mike.

Noutros media: Depois do sucesso do filme Hellboy (vide texto anterior), foi lançada uma sequela em 2008: Hellboy II: The Golden Army. Ambos protagonizados por Ron Perlman e ambos contribuindo para aumentar a visibilidade da personagem junto do grande público.
                           Fora do grande ecrã, Hellboy também já teve direito a dois filmes de animação  (Hellboy Animated: Sword of Storms e Hellboy Animated: Blood and Iron), lançados diretamente no circuito de vídeo e com as vozes dos atores que deram vida às personagens nos filmes referidos acima.
Hellboy ao serviço do DPDP também no cinema.
                 

12 março 2012

FÁBRICA DE MITOS: DARK HORSE COMICS

       

         Proprietário da cadeia de lojas de banda desenhada Things From Another World sediada no estado norte-americano do Oregon, Mike Richardson apostou na criação, em 1986, de um espaço criativo ideal que atraísse os melhores profissionais do ramo. O projeto resultou na fundação da Dark Horse Comics que, atualmente, disputa com a Image Comics o estatuto de terceira "grande" no mercado editorial dos EUA.
         Tudo começou, porém, em 1980. Nesse ano, Mike Richardson usou o seu cartão de crédito com um plafond de dois mil dólares para abrir uma loja de venda de comics na pequena cidade de Bend (Oregon). Batizou-a de Pegasus Books e a sua intenção era produzir um livro infantil ao mesmo tempo que geria o negócio. Este cresceu e não tardou a que Mike inaugurasse duas outras lojas (uma das quais no estado vizinho de Washington).
          A falta de qualidade do material que comercializava deixava Mike frustrado. Usando verbas resultantes do seu negócio de venda a retalho, Mike resolveu fundar a sua própria editora. Desde o início que a Dark Horse Comics primou pela diferença em relação às demais licenciadoras. Seis anos antes da revolução levada a cabo pela Image Comics, os escritores e artistas que trabalhavam para a Dark Horse eram tratados como parceiros, e não como assalariados. Não tardou por isso que alguns dos mais prestigiados criadores de banda desenhada migrassem para a nova editora. Nela podiam desenvolver e comercializar os seus próprios projetos e ideias.

Mike Richardson, fundador da Dark Horse.
           Em 1986, a Dark Horse lançou-se no competitivo mercado editorial dos comics com apenas dois títulos: Dark Horse Presents e Boris the Bear. Foi, todavia, com a aclamada série Concrete ( da autoria de Paul Chadwick e que contava a história de um congressista transformado numa criatura de cimento) que ganhou maior visibilidade. No final do primeiro ano de atividade da editora, já eram publicados nove títulos com a sua chancela.
           Com o lançamento de Aliens, em 1988, e de Predator pouco depois,  a Dark Horse revolucionou os comics baseados em filmes e séries televisivas de grande sucesso. Contrariamente às suas concorrentes, a Dark Horse não hesitou em investir em títulos cujos direitos autorais não lhe pertenciam. Consolidou a sua posição nesse nicho de mercado em 1990 com a adaptação de Star Wars aos quadradinhos. No fundo, a Dark Horse produzia sequelas em banda desenhada de filmes e séries populares. Às já citadas, seguiram-se, entre outros, Conan, Serenity e Buffy, The Vampire Slayer. Com esta abordagem inovadora, as vendas dispararam.
            Ainda em 1990, a Dark Horse surpreendeu a letárgica indústria dos comics com o crossover Aliens versus Predator. O sucesso foi tal que logo a gigante DC ofereceu uma parceria visando o lançamento de vários encontros entre personagens de ambas as editoras. Superman versus Aliens e Batman versus Predator foram algumas das produções resultantes desse projeto conjunto.
O universo Dark Horse com Darth Vader, Concrete e Hellboy em destaque.
            O sucesso da Dark Horse continuou assim a atrair nomes sonantes dos comics como Frank Miller, Dave Gibbons, Mike Mignola, John Byrne, etc.
            Com o sucesso obtido na conversão de filmes em BD, o passo seguinte foi, obviamente, apostar na adaptação ao grande ecrã de algumas das suas personagens originais. Nascia assim a Dark Horse Entertainment, Inc. em 1992. Estabelecida uma parceria com os estúdios Twentieth Century Fox, em menos de três anos foram produzidos quatro filmes no âmbito desse projeto. Dois deles foram êxitos de bilheteira: The Mask e Timecop. Foi, todavia, com o filme "Hellboy II: The Golden Army", realizado em 2008 por Guillermo del Toro e aclamado pelo público e pela crítica, que a Dark Horse conheceu um dos seus momentos de glória neste campo.
             Sempre em busca de novas oportunidades de negócio, a Dark Horse lançou, em 1998, a Dark Horse Deluxe, uma vasta linha de brinquedos, miniaturas e colecionáveis.
             Após o cancelamento da popular série televisiva Buffy, The Vampire Slayer, a Dark Horse deu continuidade à mesma em 2007, através do lançamento da respetiva oitava temporada em banda desenhada. Escrita pelo próprio criador da série, Joss Whedon, e com soberbas capas da autoria de Jo Chen, foram vendidos mais de cem mil exemplares do primeiro número.
             Para assinalar o seu 25º aniversário, a empresa lançou em 2011 uma aplicação que permite descarregar centenas de títulos em formato digital através da loja iTunes e da Dark Horse Digital. Com o regresso de Paul Chadwick e da sua obra-prima Concrete e a entrada de novos talentos, o futuro adivinha-se promissor para a Dark Horse Comics.

Solar e Magnus, dois super-heróis da Dark Horse.

01 fevereiro 2012

FÁBRICAS DE MITOS: IMAGE COMICS

    
       No ano em que se assinala o 20º aniversário da sua fundação, a Image Comics continua a dar cartas no mercado editorial dos quadradinhos e  a intrometer-se entre as gigantes Marvel e DC.
      Tudo começou quando, em 1992, sete desenhadores dissidentes da Marvel Comics se reuniram para fundar uma nova editora onde pudessem salvaguardar os direitos autorais das suas criações. O grupo incluía pesos-pesados que haviam atingido a ribalta à frente de títulos como X-Men, The Amazing Spider-Man e Wolverine, entre outros. Todd McFarlane, Jim Lee, Erik Larsen, Marc Silvestri, Whilce Portacio, Rob Liefeld e Jim Valentino foram os "pais fundadores" da Image, que doravante revolucionaria a indústria dos comics.
      Na origem deste êxodo de artistas talentosos esteve o pouco destaque dado pela Marvel aos criadores de personagens com tanto de populares como de vendáveis. A isto acrescia o pagamento de royalties irrisórios. Assim, em dezembro de 1991, um grupo de ilustradores descontentes, liderado por Todd McFarlane e Rob Liefeld, exigiram junto do então presidente da Marvel, Terry Stewart, que a empresa lhes concedesse a propriedade e o controlo criativo sobre todas as personagens por eles criadas. Face à recusa da Marvel, oito criadores (aos sete nomes supracitados, juntou-se o prestigiado argumentista Chris Claremont), abandonaram a Marvel e fundaram a Image Comics. A nova editora, sediada  em Berkeley (Califórnia), comprometia-se a conceder todos os direitos das personagens aos respetivos criadores. Além disso, nenhum dos seus membros estaria autorizado a interferir artística ou financeiramente no trabalho de outrem.
Os 7 magníficos. Em 1º plano da esq. para dir., Marc Silvestri, Jim Valentino, Todd McFarlane e Rob Liefeld. Em 2º plano, da esq. para a dir., Whilce Portacio, Jim Lee e Erik Larsen.

      A própria Image não deteria quaisquer direitos autorais sobre as personagens e títulos entretanto lançados, exceção feita ao logótipo e nome da empresa. Cada membro fundou o seu próprio estúdio, funcionando portanto a editora como uma espécie de federação de chancelas autónomas.
      Chris Claremont acabou por não aderir ao projeto e Whilce Portacio foi obrigado a abandoná-lo devido aos problemas de saúde que afetavam então a sua irmã. Nasceram assim seis estúdios:
- Extreme Studios (propriedade de Rob Liefeld);
- Highbrow Entertainment (Erik Larsen);
- ShadowLine (Jim Valentino);
- Todd McFarlane Productions (Todd McFarlane);
- Top Cow Productions (Marc Silvestri);
- Wildstorm Productions (Jim Lee)
      Inicialmente, os títulos da Image eram produzidos pela Malibu Comics, uma pequena mas bem implantada editora que simpatizava com a luta pelos direitos de autor levada a cabo por Todd McFarlane e companhia.
      Os primeiros títulos com a chancela da Image a chegarem às bancas foram Spawn (da autoria de McFarlane), Youngblood (Rob Liefeld), The Savage Dragon (Erik Larsen) e Wild C.A.T.S. (Jim Lee). Impulsionadas pelo prestígio dos criadores e pela curiosidade dos leitores, as novas séries obtiveram recordes de vendas jamais alcançados desde o início do declínio do mercado dos comics na década de 1970. Cyberforce (Marc Silvestri), Shadowhawk (Jim Valentino) e Wetwoks (Whilce Portacio) tiveram contudo menos sucesso. Não obstante, em apenas alguns meses, a Image Comics conquistou uma quota de 10% do mercado editorial norte-americano chegando a ultrapassar a gigante DC, ainda que fugazmente. Em 1993, a situação financeira da Image era suficientemente estável para pôr fim à sua parceria com a Malibu Comics e começar a publicar os seus próprios títulos.
Spawn e Savage Dragon são as personagens de charneira da Image.
      Os fundadores da Image eram famosos pela sua arte dinâmica e extravagante, contrastando com a simplicidade das histórias. Apesar das características muito díspares dos trabalhos produzidos pelos vários estúdios, rapidamente surgiu o chamado "estilo Image" que, todavia, nunca foi consensual entre os fãs do género super-heroico.
       Com o sucesso vieram, porém, as primeiras tensões e críticas. Para fazer face ao crescente número de títulos que compunham o universo Image, foram contratados vários escritores e ilustradores freelancers, replicando assim a política contra a qual se haviam rebelado quando trabalhavam para a Marvel. Alguns dos seus membros permitiram igualmente que os seus respetivos estúdios publicassem material produzido por criadores externos (The Maxx, da autoria de Sam Kieth foi um dos exemplos).
       Outra das pechas do projeto era a inexperiência administrativa e executiva dos fundadores da Image. Na maior parte das vezes, os revendedores encomendavam títulos e séries em função das vendas obtidas. Em virtude dos recorrente atrasos do material encomendado, muitos deles acumulavam stock após consecutivas desistências de leitores que não estavam obviamente dispostos a esperar tanto tempo para ler uma história de banda desenhada. Em resposta, os revendedores reduziram drasticamente o número de edições encomendadas, o que abalou financeiramente a Image. Para retificar a situação, a Image contratou, em finais de 1993, Larry Marder para a função de diretor executivo da empresa. Marder foi relativamente bem sucedido e conseguiu disciplinar os responsáveis dos diversos estúdios, obrigando-os a fazerem uma rigorosa planificação editorial.
Wild C.A.T.S. em ação.
        Em meados dos anos 1990, Spawn e The Savage Dragon afirmaram-se como séries regulares de sucesso, ao mesmo tempo que novos títulos como Gen 13, The Darkness e Witchblade também conquistavam o seu lugar ao sol. Não tardou a que a Image se tornasse a terceira maior editora norte-americana, apenas suplantada pela Marvel e pela DC.
         Nem tudo foram rosas, porém. Disputas entre os fundadores começaram a abalar a empresa. Rob Liefeld foi acusado pelos seus pares de estar a usar o seu cargo de CEO para desviar recursos financeiros para promover a sua própria editora, a Maximum Press. Isto levou ao abandono da Image  de Marc Silvestri e da sua Top Cow em 1996. Silvestri acusava Liefeld de estar a recrutar alguns dos seus melhores desenhadores, designadamente Michael Turner (responsável artístico de Witchblade). Perante a pressão exercida pelos demais membros da empresa, Liefeld acabou por deixar a Image pouco tempo depois, o que abriu caminho ao regresso de Marc Silvestri. Em 1999, para surpresa geral, Jim Lee vendeu a Wildstorm à rival DC movido pelo desejo de trocar as suas responsabilidades editoriais pelo trabalho criativo, do qual estava praticamente arredado.
Capa do 1º número de Witchblade.
         Em 2008, a Image estabeleceu uma parceria, que se revelaria frutuosa, com Robert Kirkman cuja série a preto e branco The Walking Dead (posteriormente adaptada ao pequeno ecrã) se tornara um fenómeno de popularidade. Nos últimos anos, a Image tem enfrentado a feroz concorrência da Dark Horse Comics e da IDW Publishing pelo estatuto de terceira maior licenciadora. Grande parte das vendas da empresa derivam do merchandising das suas personagens mais famosas, como Spawn. Já The Savage Dragon continua a ser o título recordista de longevidade dentro da empresa.
          Ao longo dos anos, a Image tem diversificado os seus títulos e produtos, augurando-se-lhe um futuro radioso.

Gen 13, um grupo de adolescentes superpoderosos.